Homo de que?

Salvei os porcos dos humanos.

No meu altruísmo.

No que me fez transcender.

No meu ato heróico.

Fui jogado às traças.

As traças não me quiseram.

Fora o melhor de mim?!

Daquele momento,

tornei-me indiferente aos homens.

Não podia mais comer.

Me faltava o alimento,

a mesa, a cadeira e o aquecimento.

Saciei-me da plenitude da condição humana.

Pleno, deveria então ser autossuficiente.

O que de tão perfeito,

a autofagia seria o processo,

pelo qual viveria.

Clamei aos porcos por água e comida.

Estes me cederam o resto da lavagem,

com a qual os humanos os alimentavam.

Não era a lavagem com a qual…

Nem o resto com o qual os humanos...

Era o resto!

Era o resto dos porcos.

Era uma comida muito insalubre.

Até ao humano pleno e altruísta.

Homo sapiens condicionado, a nutrir-se,

a dieta primata.

As micro e macro moléculas.

Além claro de sentimentos.

Passaram-se tempos.

Jogado hierarquicamente abaixo dos porcos.

Acima apenas das traças.

Morrendo de fome.

Matei um porco.

E comi.

Na mesa.

Com cadeira.

Aquecido.

Primata.

Homo.

Tornei-me apenas sapiens.

Altruísta dinâmico.

Sapiente.

Vivo.

Sanoj Agerbon

Sanoj Agerbon
Enviado por Sanoj Agerbon em 18/08/2021
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