Revelações

Bem, como todos sabem, meus pais se separaram, para meu pai, a separação foi traumática, ele amou mamãe demais, ele já tinha alguns problemas de saúde, mas estavam todos controlados. A casa ficou grande demais para nós dois e decidimos vendê-la, se desfazer de todas aquelas lembranças não seria nada fácil.

Enquanto a casa estava a venda, meu pai tirou uma licença do serviço e foi fazer uma viagem para descansar e poder esquecer um pouco o mar de problemas que havia invadido sua vida, ele não estava muito bem de saúde. Eu decidi ficar na casa de um amigo da faculdade que me acolheu sem problemas nenhum, comecei a ajudar nas despesas e continuava levando a vida.

Ficava imaginando aquela casa, agora sem ninguém, outrora um lugar de alegrias, momentos memoráveis, festas, almoços, agora um lugar vazio, frio e totalmente sem vida. Meu pai me passou uma procuração para que eu pudesse resolver o assunto da venda da casa e ele disse que ficaria tudo a meu cargo. Minha mãe abriu mão da parte dela em meu favor, depois que ela separou-se de papai, raramente a via e também não fazia muita questão de ter contato com ela ou com a outra família que ela construiu, sim, ela não é obrigada a ficar ao lado de uma pessoa que não gosta e sim, ela tem todo o direito de ir embora, porém, as circunstâncias que não foram muito agradáveis.

Conseguimos vender a casa mais rápido do que imaginamos, papai voltou de viagem e para minha alegria, estava bem melhor e trazia consigo uma novidade: estava namorando.

Fiquei muito feliz em saber disso, então contei a ele sobre a venda da casa e ele me disse que eu poderia ficar com todo o dinheiro, ele não queria nada que o lembrasse o passado, já tinha o seu apartamento e era um lugar que ele havia colocado amor e energias boas e não queria se contaminar com coisas ou lembranças ruins.

Um certo dia, papai me ligou e disse que gostaria de conversar comigo, aproveitando a oportunidade, conheceria sua namorada. Marcamos em um belo Domingo de sol, em seu apartamento que tinha uma aréa de lazer maravilhosa.

Quando cheguei lá, avistei papai a beira da piscina, ao seu lado estava uma linda mulher morena, com belos cabelos negros que batiam na cintura, uma pele maravilhosa e quando me aproximei para cumprimenta-los conheci a namorada de papai que por sinal era linda.

Conversa vai, conversa vem, tomamos alguns drinks e meu pai me chamou para subir até seu apartamento que ele tinha um assunto de extrema urgência para me falar, fiquei um pouco assustado, mas o acompanhei.

O apartamento de papai era lindo, grande e belamente decorado.

Sentei-me em uma poltrona de couro, na varanda, acendi meu cachimbo e papai chegou com um drink, me olhou e disse:

- Filho, você é uma alegria muito grande para mim, te amo muito.

- E você, papai, é um orgulho que tenho em minha vida.

- O que vou te falar agora, deveria ter falado a algum tempo atrás, porém para tudo tem um tempo certo e creio que agora seja esse tempo.

- Pode falar, papai, diga, o que é?

- Prometi a sua mãe que não falaria nesse assunto, porém não me importo com a opinião dela e você tem todo o direito de saber.

- Pai, poderia por favor falar de uma vez por todas, o que é?

- Você é adotado, filho!

Dei uma gargalhada bem alta e meu pai ficou me olhando e imaginando que eu estaria bêbado ou que não ouvira direito o que ele havia falado.

- Filho, você ouviu o que eu disse?

- Claro que ouvi, pai. Eu sou adotado. E o que isso tem a ver ou o que isso importa nesse momento? Aliás, eu já sabia que eu era adotado, não pareço com ninguém da nossa família e comecei a ficar desconfiado sobre isso e decidi fazer um exame de DNA e quando recebi o resultado, não tive espanto nenhum, o que importa é que eu te amo e eu tenho certeza que você também me ama.

- Porra, Costa! Você tinha que ser tão independente desse jeito?

Demos umas boas gargalhadas sobre isso e continuamos curtindo nosso Domingo.

Mas quando eu descobri que era adotado, confesso que fiquei triste, chorei bastante, até pensei em procurar minha mãe biológica, mas decidi deixar essa história para lá, pois se ela me deu para adoção é sinal que não me amava e eu que não ia gastar energia correndo atrás de gente desse tipo.

Domingo a noite, eu já estava em casa, descansando para o dia seguinte que seria muito puxado na faculdade, o celular tocou, reconheci o número, atendi e a voz do outro lado disse:

- Filho, preciso da sua ajuda!

Continua...