ITINERÁRIO.

Acelerou um pouco mais o carro, aquela rodovia convidava à velocidade. Nunca fora de correr, mas agora se sentia compelido a pisar mais fundo.

Talvez fosse o efeito do vinho do almoço que agia dentro de si, ou quem sabe o descontrole emocional da terrível briga com a esposa. Talvez quisesse com a velocidade jogar para a fora a tensão de uma semana difícil no trabalho, ou outros embaraços emocionais que tanto o atormentavam.

Não, a culpa era daquela rodovia tão ampla e bonita. Mesmo os motoristas mais prudentes se arriscavam um pouco mais ali. Pista duplicada, asfalto bom, transito livre, pouco movimento naquela tarde de domingo. Tudo fluía, tudo desembaraçava, a vida o compelia para frente. Tinha ânsia de chegar mais depressa.

Deu um grito de liberdade e deixou-se levar pela gostosa sensação de sentir o vento no rosto, não queria o ar condicionado, queria o vento batendo em si. Soprando mil ideias e o desafiando a abraçar aquele clima de aventura. Queria a liberdade, dar um chega pra lá na prudência e abraçar fortemente a ousadia.

Pisou fundo e mais fundo...

Empolgou-se e então chegou mesmo mais rápido, apenas mudou o destino, aquele itinerário estava marcado para bem mais adiante, mas quem corre chega antes.