Certas coisas marcam como fogo! e nunca esquecemos, hoje gostaria de relatar a você leitor amado e querido o quão bom foi aquele dia, fica comigo, prometo, não vai se arrepender…
 

Acordei olhei para o relógio poderia dormir mais um pouquinho. E o despertador acabou não funcionando (também não conferi ontem antes de dormir). Resultado: Aquela correria.

Quase cheguei atrasado ao trabalho.

Enviei-lhe uma mensagem.
— Esta tudo bem? Sente-se bem? A pressão esta boa?
Ela me respondeu:
— Pare seu bobo, eu não estou doente.
E enviou uma foto.

No escritório estava bastante ansioso, o relógio marcava o tempo de um modo estático. A moça da outra repartição passava, e eu olhava os ponteiros dos segundos passar. O estagiário estava andando com seu malote abaixo do braço, e os ponteiros dos minutos não iam!

Queria, e como queria estar com ela em casa. Era tudo o que eu queria estar com ela era surreal estar ali parado no serviço esperando o tempo passar.

Dei aquela disfarçada básica e corri no banheiro, enviei-lhe outra mensagem.
E fiquei esperando com a porta fechada o tiquinho ficar azul.

Não ficou.

Continuei os meus despachos habituais, porém a minha preocupação era com ela. Teve momentos que pensei. 

— Bobagens, ela não esta doente.
Daí nem inventei de ligar para conferir o porquê dela não ter me retornado no mesmo instante.

Abaixei o celular no meio das pernas observei se ninguém olhava, afinal não posso usar celular pessoal no serviço. E coloquei na imagem dela, aquela foto das nossas férias. Me acalmou, fiquei suspirando, nossa viagem de férias aquele sonho. Naquele momento ficou marcado a nossa história para sempre. Afinal quase um ano de felicidade!

De repente abre a porta do seu escritório a frente o chefe, e olha para mim, pensei: La vem bronca, qual deve de ser o B.O?

— Fernando você pode vir aqui rapidamente...

Olhei para os olhos apreensivos do chefe, e não conseguia decifrar aquele semblante e isto me preocupou mais e mais.

Ele mudou o semblante para um sorriso e disse:

— Corra lá, parece que a bolsa estourou...

Eu escutei as palavras mágicas. A bolsa estourou. A bolsa estourou?

Confesso que fiquei gelado e paralisado.

— Corra homem é o seu filho que esta a caminho.

Parecia que estava em nuvens.

Todos da repartição sabendo do meu estado de graça em bom-tom bateram palmas. E eu igual a um maluco abri a gaveta e peguei minha carteira e o celular.

— Não corra tanto!

Disse a secretária do chefe que sorria de modo amistoso.

Ignorei tudo o que ela disse, e como um maluco, passei todos os sinais vermelhos do universo. Parecia que estava pressentindo a vida do meu Juniorzinho.

Chorei igual criança dentro do carro no caminho até o hospital. Era o meu primeiro filho que estava prestes a conhecer.

— Meu Deus meu pedacinho na Terra esta chegando... Era muita emoção.

Ao chegar estacionei no meio fio de nervoso. Entrei correndo no hospital.
Olhos apreensivos se pairavam perante a mim.

Era um desespero sem fim...

Eu perguntei.

 
— O que foi?
— Ele nasceu?
— Cadê ela?
— Eu quero entrar sou o pai!
— O   que foi?
— Me digam alguma coisa
— Pelo amor de Deus o que foi...

Olhei a sogra amparada a minha mãe, as tias e os meus irmãos. Todos estavam naquele hospital. Em frente a uma porta.

Eu fui querer entrar, e fui barrado.

— Você não pode entrar lá.

Segurou de forma abrupta uma enfermeira truculenta.

— Como assim não posso eu sou o pai...

Para ela era um cotidiano, e para mim era um filho. Eu precisava transpor aquela barreira e ficar com a Aline.

— Meu Deus eu quero entrar minha esposa precisa de mim!

— Não você não pode, houve complicações e o parto da sua esposa a Aline, não é? Dizia olhando ao prontuário. Não lhe permite entrar, só resta esperar.

Quando observei que nada poderia fazer, fiz tal qual uma criança de colo. Abracei a minha mãe e chorei. Ela afagava o meu cabelo e dizia.
— Calma vai dar tudo certo.
Como assim calma? Meu filho estava travando uma batalha lá dentro. Para sobreviver.

Olhei novamente o relógio o grande vilão do meu dia. O silêncio do hospital fazia com que a orquestra sonora do tique e taque ficasse cada vez mais perceptível.
Então a porta se abriu. Finalmente.

Fui no ato, o primeiro que se levantou. A mim, sentia a necessidade de ver a minha esposa e a criança, a mãe perguntava da filha. O silêncio do médico era algo inenarrável.

Ele começou com o discurso.

— Foi um parto bastante complicado o cordão umbilical enrolou no pescoço da criança, e tivemos que fazer uma cesária de emergência.
A Aline apresentou uma reação alérgica a anestesia.

— E? 
— Fale logo doutor, pelo amor de Deus fale logo!

— Deu tudo certo, ambas estão são e salvas.

A minha cara de desespero foi mudada no ato com o "Ambas" surpresa era eu naquele momento.
Sim uma bela menina...

E pesou bem a garotinha, três quilo e seiscentos... Dizia o Doutor.

— Agora com licença hoje este agitado o hospital e foi correndo para outro parto.

No quarto a minha esposa dormia, e na encubadora a minha melhor surpresa. Do que importava a correria de mudar o enxoval? Quando vi ela a Fernanda? Por que não Fernanda perguntou a minha mãe ao contemplar aquele pedacinho de céu na minha frente.

Apesar do momento pedir apreensão, pois a minha esposa quase morreu, eu não conseguia tirar os olhos dela. Minha filha amada, que até então por uma equivocada ultrassom me fazia crer ser um menino.

Estava na minha frente mexendo seus pequenos dedinhos tomando um banho de luz ao lado de tantos bebezinhos. Na etiquetinha não tinha nome, chorando disse para a Enfermeira. Que poderia colocar Fernanda. 

A Enfermeira sorriu e disse: — É uma bela de uma meninona, nada a ver com Júnior, rindo...

Realmente estava vivendo o melhor dia da minha vida…



Waldryano
Enviado por Waldryano em 26/01/2020
Reeditado em 28/01/2020
Código do texto: T6850988
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