Vida e Morte

Me calei porque já era hora de por um fim

Doeu tanto que nunca se poderá medir

Aquele leito ocupado por mim, a vida estava em jogo

E quem poderia me salvar?

Já não aguentava, então pedi para ELE me levar para sempre daqui .

Chorei, chorei o que pude.

Já estava em estágio "terminal" devido os recursos para o meu estado terem se esgotado, eu ia partir.

Já não precisavam mais de mim aqui

Correram muito, ouviam-se os barulhos dos equipamentos

Os olhos se enchiam d'água toda vez que entrava naquela sala

As memórias voltavam sempre em meu pensamento

De que me adiantava lutar pela vida, se ela já havia sido tirada de mim há muito tempo.

Estrutura eu tinha, mais todos só olhavam as cascas de alguém frágil e doce, só isso em que se apegavam, porque o oculto de nada sabiam, o lado sombrio que carregava em meu peito, uma dor intensa e que jamais poderia explicar.

Mais eu escondia, e isso me consumia todos os dias, a dor da traição , a doença fatal.

Já não havia mais motivos para continuar no jogo, já não tinha mais forças para viver aquela farsa, sentia me fracassada, e levava até onde podia.

Tanta gente ali querendo viver, se a vida fossem estrelhinhas eu daria a minha a muitos que ali conheci. Era a mais nova, a cada consulta desanimadora , mãos sempre geladas e trêmulas a cada diagnóstico , chorava as escuras, esperava secar as lágrimas para sair,estava tentando alimentar o ódio, a raiva, mais ainda acreditava em algo que não sabia explicar, de início achou que era tudo o que precisava, era a solução para o problema de anos que carregava, era a voz calada que precisava sair.

Precisava matar todo sentimento, e só podia fazer isso com seu último suspiro.

Na cama deitada, ao abrir os olhos e constatar que ainda estava naquele mundo tortuoso e sombrio, se esforçava para ser grata, mais sempre achando que seria seu último dia e então se despedia entre as quatro paredes, já era um ritual.

Até que por fim algo mudou sua trajetória, um pequeno ser salvaria a sua vida, traria esperança para os seus dias, algo completamente fora do alcance medicinal.

Estudos e mais estudos, entrei para o livro de pesquisas, células troncos estavam sendo enviadas, dando a mim vida novamente.

A solidão batia e então chorava, se sentia só, mais agora precisava lutar por alguém que não se conhecia, precisava conhecer e agradecer por salvar a sua vida, um ser que não me conhecia mais que precisava agradece-lo por enxugar as minhas lágrimas pouco a pouco, por saber que já não andaria mais sozinha...

As sombras da dor ainda batem a porta, não vou mentir nem ocultar, precisava ser sarada para poder sarar...

Caminhando pouco a pouco neste mundo novo