NOS BASTIDORES DO TEMPO.
...fico tomado por um momento de grande saudosismo quando algum motivo me toca e me traz de volta o passado. 
Foliar um livro antigo ao qual já li e agora me deparo com estas páginas amareladas pelo tempo; aquela história ficou gravada em mim para sempre, recordar aquela cena tão marcante ou às vezes tão simples, de um passado distante mais ficou tão fixado em minha memória.
Lembro-me de quando morávamos naquela casinha tão simples as margens da aquela estrada de terra, às vezes servia ao transporte de veículos ou em outras atividades como um corredor para os boiadeiros tanger as tropas de cavalos, mulas, jumentos ou gados; estrada de boiadeiros. Ainda não tenho certeza de qual era minha idade, só tenho o conhecimento que estava em idade escolar.
O ribeirão ficava bem ali na baixada, naquelas águas cristalinas e saborosas, há vezes curvei sobre aquelas margens e com a minha boca em contato com a superfície da correnteza tomava, me embebendo deste líquido combatendo minha sede imitando os animais. Cardumes de lambaris prateado descia em direção das afluentes, exercitando as ágeis nadadeiras e barbatanas acompanhando ou se deixando se levar pelas correntezas daquele Riozinho de águas tão profundas e caudalosas.
A escola ficava localizada na pequena cidadezinha e no trajeto havia como recurso esta ponte que dava acesso ao outro lado da margem, na temporada das grandes chuvas aquele pequeno riacho ficava cheio ultrapassando seu leito normal, chegava a transbordar, e até cobria a ponte, nos obrigava a fazer uma volta muito grande chegando e atravessar pelo o aterro da represa, a mesma que dava origem a este córrego ao qual brotava das grandes paredes daquele antigo açude construído nos já passados mais ou menos cem anos.
Eu acompanhado da turma que bem de manhã íamos em direção do chamado Grupo Escolar, hoje me admiro de tantas disposições e contentamentos e movidos de tantas vontades de aprender as lições.
Nossa classe era do período da manhã, as aulas terminavam no meio do dia, quando adentrávamos para a classe aguardávamos alguns minutos de pé e de mão no peito cantávamos o hino nacional, não era todos os dias, não me recordo se era no início ou no final de cada semana, ainda não me esqueci da aquela professorinha, tão vocaciona, cheia de amor pelos alunos, dedicadíssima! Todos aprendiam as lições com rapidez, até eu que possuía uma aversão à matemática ficava inteirado, não que seria lições difíceis, mas para quem estava nos primeiros anos de aprendizados tudo era novidade. 
Certos momentos que não consigo esquecer; Nos términos da aula eu os amigos tomávamos o caminho de volta, não ficava longe o percurso, bastava atravessar a pequena ponte e logo chegamos a casa, todos vizinhos próximos, moravam por ali, éramos uma turminha de mais ou menos meia dúzia, incluindo algumas meninas. Da escola até a ponte media mais ou menos uns mil e seiscentos metros e a estrada era de chão batido; terra vermelha que com o sol muito quente fazia molhar de suor e com a poeira que emergia do leito carroçável no instante que passava por nós algum caminhão de transporte tudo ficava impregnado.
Ao chegar ao riacho, ao atravessar a ponte nós não pensávamos duas vezes, teríamos que dar um belo mergulho para lavar aquelas sujeiras de terras misturadas de suor, alguns dos amigos seguiam em frente, eu e mais alguns três ou quatro destes companheiros parávamos na ponte. Deixávamos os cadernos escolares em cima de uma grande pedra que havia a beira da estrada, e desfazíamos das roupas do oniformes e todos nus como viemos ao mundo, galgávamos sobre as pequenas ferragens das estruturas da ponte e praticávamos salto livre da altura mais ou menos quatro metros e meio, depois do mergulho, os nados livres; natação de uma forma natural, não da para contar as inúmeras surras que já levamos quando nossos pais sabiam destas peraltices.
Não tínhamos nem um pouco de pudor, não envergonhávamos de nossa nudez. Ficar sem roupas na presença das meninas que assistiam nossas habilidades a natação; pura inocência, não havia nenhumas atitudes maldosas nestes proceder, lembro-me que para elas era sempre motivo de risos e gracejos ao ver nossos corpos despidos.
Chegávamos à casa de banho tomado, mas porem com as roupas cheirando suor, não tinha problemas sempre havia outra roupa limpinha para a próxima ida à escola.
Depois do almoço estávamos novamente em volta de nossas intensas atividade, não ficávamos sem nossas revistinhas em quadrinhos, apesar de estar aprendendo a ler, mas não separávamos de nossos gibis; possuímos umas vastas coleções do Pato Donald, Tio Patinhas e muitos outros.
Dentro de uma mala velha e bem surrada que havia servido para viagens eis o nosso local de guardar nossas revistas que tanto contribuiu para adquirir mais aprendizado nas leituras, o grande Wall Disney aprimorou muito a leitura de seus leitores...
Antonio Herrero Portilho. Março de 2010
Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 16/03/2019
Reeditado em 16/03/2019
Código do texto: T6599803
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