MENTE DOENTIA.
Pronto!... Estacionou-me bem aqui lado à porta do banheiro, eu acho que esses meus ajudantes não perceberam que além de tudo, ainda tenho nariz, meu olfato ainda funciona perfeitamente, deixa-me aqui nessa cadeira de rodas como fosse eu um ser dos mais desprezíveis, expõe-me assim a esse cheiro horroroso perto desse entra e sai desse toalete, eles fazem o que eu mais detesto, mas o quê? Eu não posso falar, minha língua está travada, o jeito é aceitar e calar a boca.
Antes eu não vinha a hospitais, saúde inabalada apesar de praticar algumas extravagâncias, com esses meu 67 anos só alguns exames de rotinas; sangue, próstata, fisioterapia, tirando isso eu sempre fui saudável, quando eu ia à fazenda montava em meu cavalo, galopava, junto com os peões tocava as rezes, agora que sou?... Mas me pareço um trapo humano conduzido por essa cadeira de rodas empurrada  por esse meu neto noivo dessa moça que estão sempre juntos quando me trazem às consultas periódica,  por maus dos pecados ainda me enviuvei a pouco tempo, outro sofrimento que ainda não passou por completo, se a minha companheira estivesse aqui comigo ainda me daria mas vontade de viver.
Agora é o momento que me dá vontade de rir quando aquele médico me consulta, às vezes ele fala coisas que não estou sentindo, certo que minhas pernas não estão se movimentando, meu pescoço é desaprumado, meus braços e minhas mãos, só poucos movimentos, quase não se movem, não consigo me gesticular... minha boca... Ainda abre e fecha normalmente, mas minha língua me impede de articular as palavras, só solto sons que é para chamar atenção dos meus cuidadores. Meu médico acha que o mal atingiu meus ouvidos, ele pensa que eu não escuto e que eu não enxergo, mas ele está enganado, ouço bem, e enxergo normalmente, enquanto minha cabeça não se movimenta por completo e meus olhos estão assim parados, quando abro minhas pálpebras, percebo tudo com clareza, é bom assim que eles pensam equivocadamente, levo vantagem nisso, consigo perceber esse meu mundo aqui em volta, além de que eu simulo encenando e acrescentando gestos faciais, movimento levemente as mãos e dedos, um pouco disso tudo é para confundir mais, o médico disse aos familiares essas analises errônea e eu embarquei nessa onda, na verdade eu ouço e enxergo enquanto ninguém sabe que esses pontos vitais ainda funcionam, eles acreditam no médico, mesmo assim quando estão próximo de mim falam comigo como se eu não estivesse escutando, mas na verdade eu estou escutando, eles pensam que não.
- chegou a hora do banho, hora de levar o senhor Odilon ao banho... Vamos lá, precisamos fazer uma visitinha ao médico.
- Hora de ficar um pouco lá fora para tomar um pouco de sol. Seu Odilon precisa de um pouco de sol.
Colocava a cadeira de rodas lá fora, na calçada.
- Agora tomar um pouco de café da manhã...
Dava-me vontade de dizer para parar de falar assim como se eu fosse um retardado... Mas ela até que me diverte um pouco, essa noivinha de meu neto é bem assim, parece-me cuidadosa, mas ela quer mesmo tomar parte de minha herança, eu preciso ficar atento com esses chazinhos que ela me serve, sei lá que tem dentro desse líquido, vou resistir, não tomo mesmo, de jeito nenhum! Tranco a boca e aqui não entra nada...
Puta que pariu, agora me veio uma vontade doida de ir ao banheiro, com vontade danada de urinar, não quero que essa biscatinha mexa no meu saco, percebo que ela quer ver minhas coisas que avoluma as minhas sugas, todas as outras vezes que aconteceu esses imprevistos não foi a hora dela, foi outra pessoa; enfermeira, faz pouco tempo que voltei do hospital pra casa.
 Vou urinar na roupa mesmo... Foda-se tá recebendo para me cuidar, meu dinheiro que custeia o salário e despesas, se é que ela fez curso de cuidadora de doente por obrigação terá que saber que iria lidar com  todas essas situação.
- seu Odilon, o senhor fez xixi na roupa, por que não me chamou? Agora vai ter que tomar banho, limpar esse cheiro de xixi.
- eu até adivinhava que ela viria com essa proposta, agora vai ser a vez de ver minhas coisas já que está com tanta curiosidade, se pensa que perdi a sensibilidade e desejo sexual ela está enganada, até poucos dias antes de iniciar esse martírio eu comparecia com boas potências nessas relações e vejo que nada foi abalado, continuo jovial no que se tocam essas partes... Vamos aguardar no que vai dar. Enquanto isso ela está procurando minha roupa para me trocar, lá vai ela toda flexível mexendo aquele traseiro exibindo para quem queira olhar, no momento só eu e ela aqui em casa...
Clotilda vai até ao Box, coloca a roupa do doentinho pendurada em um cabide, tudo arrumadinha, passada e cheirosa... Vai até seu Odilon, pega a cadeira de rodas e leva até o banheiro. Umas das tarefas difícil para Clotilda, mas sempre há alguém por perto  que possa ajudar, a final pegar sessentas e quatro quilos em um metro e setenta e três, não é pra qualquer um sustentar, seu Odilon emagreceu um pouco, deve ser devido esse trauma causado por essa doença, mas essas duas mulheres forçudas poderá dar conta do recado, Seu Odilon percebeu quando Clotilda chamou a diarista para ajudar a movimentar o doente, Fabiana agora se junta com Clotilda e as duas começa a tirar a roupa do senhor Odilon quando tudo estava pronto para o banho Clotilda disse a Fabiana : -
-Agora pode ir cuidar de seu serviço, depois eu te chamo para vesti-lo.
- Ok... Quando precisar é só me chamar.
- Tá bom.
-
Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 29/11/2018
Reeditado em 05/12/2018
Código do texto: T6515270
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