Golpe De Prece
Golpe De Prece
No Bosque dos Eremitas, caminham dois vultos.
Nada os une. Todavia, seus tragetos ameaçam resvalar-se.
Um é masculino, vil e velho. Outro é feminino, ingênuo e moço.
Ele se distrai observando-a. Ela se entretém colhendo amoras.
Tudo se encaminha bem. Até que os dois se interceptam.
Ele a toma de súbito, prendendo-a entre os braços, vedando-lhe a fala e obrigando-a a obedecer-lhe. Ela se debate e sofre, mas, vencida, submete-se à força do algós, mostrando-se resignada.
Nos olhos dele, a posse flameja. Nos dela, a prece repousa.
No entanto, à força da posse, impõe-se o poder da prece.
Ele não logra possuí-la. Ela não chega a pertencer-lhe.
Exânime, tomba ele. Santa, ela agradece.
Hebane Lucácius