A Força do Pensamento

Desceu do trem com roupas comuns e sem luxo, com seus sapatos

gastos e passou os olhos ao redor procurando por alguém

conhecido.

O primeiro a lhe notar foi Sebastian. E logo pensou "essa

não!". O que faz essa rapina aqui? Espero que não me veja.

Droga! Tarde demais.

Vera, era seu nome, abriu um sorriso e partiu ao seu

encontro.

- Olá, Sebastian. Que coincidência lhe encontrar aqui.

- Sim, imagino.

Sentaram um a frente do outro ao redor de uma mesinha e ela

começou a tagarelar incessantemente.

Enquanto a ouvia, Sebastian pensava:

"Rapina maldita! Deve estar querendo limpar minha carteira

de novo. Não tenho dúvidas, veja como ela está vestida. Mas

será que ela é realmente mesquinha e egoísta? Talvez seja

apenas uma menina de vida sofrida, lutando pela

sobrevivência. Eu tenho muito dinheiro, realmente não me

importaria em compartilhar um pouco com ela. Talvez assim ela

se tornasse a mulher gentil e adorável que devia ser. Será

mesmo? Pensando bem... Eu nunca a vi sendo sincera. Sempre

mentindo, nenhum gesto de altruísmo, sempre aquelas palavras

sujas pingando da boca, vomitando suas insinceridades.

E se ela me aprisionar? Se me obrigar a pajeá-la com meu

dinheiro? Ela deve conhecer alguns fatos vergonhosos do meu

passado, das minhas noitadas na juventude. Não tenho dúvidas

de que irá usá-los contra mim, é do seu feitio. Serei

obrigado a me casar com ela. Ficarei preso eternamente sob

suas garras sujas de carniça. Sou um homem respeitado, não

posso me sujeitar a isso. Não! Nunca! Mas o que fazer?! o

que?!"

Pensando isso, Sebastian arregala os olhos, avança sobre a

mesa, pula sobre Vera gritando "vou matá-la!" enquanto a

estrangula. Diante daquela ridícula cena, com um homem

deitado na mesa gritando incoerências enquanto sufoca uma

mulher e outros homens tentando o impedir, aparecem alguns

policiais e o prendem por tentativa de homicídio.