A sorte da barata

Primeiro subiu apenas um fio de fumaça, em seguida um odor forte de comida podre queimada, o cheiro não estava nada agradável naquela quadra.

Logo todos pode perceber a evasão em uma maratona de insetos rastejantes que corriam em todas as direções e até adentravam nas residências mais próximas; As mulheradas e crianças ficaram em pavoroso em gritarias, até parecia que estes bichos inofensivos os levavam algum perigo, mas, porem entrava porta à dentro das casas no momento que eles fugiam do fogo.

Uma grande aranha peluda que ainda estava dependurada em sua teia não teve a mesma sorte dos outros insetos, não houve tempo hábil para safar-se das labaredas que lambia tudo, ai dona aranha foi sucumbida pelas calorias e o fogo derrubou a de sua armadilha de pegar mosquito, sua teia foi queimada e ela caiu nas brasas torrando se em poucos minutos, dona aranha nunca mais...

Os meninos daquela rua planejavam construir um campinho de futebol naquele terreno baldio, e mais que depressa estava em mãos a obra; Ateando fogo nos matos secos, limpando o lixo que alguém tão mal educado jogou naquele espaço de vinte metros por quarenta m de fundos, excelente para uma pelada nestas manhãs de domingo.

Muitos insetos e pequenos roedores povoavam esta área, pois, era ali que eles encontravam seus alimentos preferidos. Agora todas estas dimensões serão usadas para o lazer da garotada, e assim as labaredas queimam os entulhos, as gramas secas, lixo, deixando tudo limpo e os bichos que vão buscas outras moradias.
Ali bem no centro deste terreno, próximo aos restos de móveis velhos e um amontoado de várias madeiras podres, bem ai existia uma colônia de baratas que não conseguiram escapar das chamas vorazes, uma delas se escapou enquanto suas amigas morreram queimadas sem dó.

Quando o fogo estava para alcançar dona barata, ela na eminência de ser encurralada pelas chamas; reuniu algumas forças que ainda possuía como reserva e impulsionando seu corpinho irrigado por este seu sangue tão fraco, ainda conseguiu decolar, com um voo ainda que seja meio descoordenado, quase sem direção fazia tremular suas asinhas fracas, atravessou a cortina de fumaça com tanta agilidade que parecia um avião de guerra, mas, porem com aquela visão muito curta não conseguiu ter sucesso com este seu plano de voo, quando percebeu já não tinha mais tempo de se desviar e se chocou bem na parede azul da casa de dona Ritinha, plafit!! Bateu e caiu bem ali e correndo de medo de alguma sandália foi logo se esconder em um buraquinho no concreto da calçada que contornava esta edificação, achando aquele lugar tão propício para este momento aproveitou para se descansar destas correrias e quando recuperada procurar algum conforto nesta casa de propriedade de dona Ritinha.

Em seguida outro barulho de batida na parede, desta vez foi o louva Deus que deu com testa naquela parede cor do céu, depois do impacto foi cair bem ali do lado da baratinha vitoriosa e, digam-se de passagem, eles já se conheciam de outros encontros rotineiros, pra falar a verdade este inseto da cor esverdeada morria de paixão por esta tão fragilizada baratinha simpática e delicada, mas, esta paixão não se correspondia, a tal barata não dava a mínima pelo elegante gafanhoto torcedor Palmeirense, não pela rivalidade destes times de futebol, que, apesar dos males ela torcia, repetia mais de duzentas vezes ao dia que o timão é o melhor, vai Corinthians, onde toda aquela atração do louva Deus a Baratinha acabava em intrigas durante as discussão e briguinhas desnecessária, mesmo assim suas amizades continuavam sólidas e insolúvel. A história de amor era assim; a Libélula gostava do Gafanhoto louva Deus, mas, o gafanhoto gostava da baratinha que por sua vez gostava do besouro serra-pau, ai na verdade ninguém se acertava.

O besouro escaravelho; o tal serra-pau, sempre chegava aos momentos oportunos, ele possuía dois pequenos cornos, um pequeno, e outro maior, hora parecia um vampiro, hora se assemelhava com um rinoceronte de cor negro de uma aparência diabólica, mas, nem por isso deixava de cair nos gostos da tão simpática baratinha delicada... Que com aqueles olhos vermelhos reluzentes fazia a tal barata se desmanchar de desejos, ela só queria telo em seus abraços; a distinta era realmente apaixonada pelo tão besouro sedutor.
PARTE 2

Enquanto seu gafanhoto a queria e amava, mas, não era correspondido, o escaravelho só a esnobava, tratava com desprezo, pobre do louva Deus esverdeado.

Der repente!... Em momento inesperado o tal besouro desapareceu misteriosamente; fugiu para debaixo dos restos de construções, deixou todos falando sozinho e a baratinha abriu a boca a chorar, fazendo um grande derramamento de lágrima aumentando ainda mais a paixão pelo escaravelho, ela ficou só com o Gafanhoto Louva Deus, o único que a compreendia e lhe dava atenção.

O gafanhoto caminhava despreocupadamente ali bem próximo do buraco que a cascudinha morava, este louva deus esverdeado no momento remoía um desconsolo, muito comovido com este desprezo que a tal barata lhe tratava, logo um pardal veio em um voo rasante e com uma tascada fenomenal o apanhou no bico; foi um desastre, o pobre gafanhoto louva Deus foi apanhado pela investida desta ave, a baratinha assistiu tudo e ficou boquiaberta com a cena, ficou penalizada com o fim de seu tão amigo louva deus; um de seus admiradores. A ave o levou preso no bico para um almoço, ele se tornou um petisco para o pardal que foi logo devorando, enchendo o papo com deste louva deus, que agora não mais poderia ser visto como esperança.

Agora ela ficou realmente sozinha neste mundo, e apesar de tudo com muita fome, precisava mesmo comer algo, e nestas alturas dos acontecidos lá ia toda apressada para encontrar logo algo, nem que fosse algumas casquinhas de pão, e quando passeava pela pia, muito esfomeada, lá vem dona Ritinha entrando na cozinha para tomar uma pouca de água.

A baratinha ficou assustada e correu procurando um lugar para se esconder, naquele corre, corre acabou escorregando e caindo dentro da pia que no mesmo momento foi direto pela a tubulação parando lá na caixa do esgoto, mal mergulhou naquela água fedorenta logo procurou um jeito de sair, mas existia tanta opção, havia vários canos que despejava dejetos daquela casa, entrou em qualquer um lá e por coincidência veja qual cano ela foi pegar, o que saia na pia do banheiro de Ritinha, foi dai que ela, depois de caminhar alguns metros dentro deste tubo, logo chega a pia deste banheiro, andou em volta da borda deste lavatório enquanto tentava entender que ambiente é este, pois, a verdade é que a tal bichinha não enxergava muito longe; era míope, assim mesmo ainda insistiu arriscar um voo e assim fez, impulsionou o corpinho e tremulou as asas e decolou, voo pelo aquele espaço, mas não sabia, a aonde ia, estava desnorteada, e veja que azar da baratinha, bateu na parede de lisos azulejos e acabou caindo dentro do vaso sanitário, tibummm, virgem santa, que falta de sorte, mas nem tudo está perdido, conseguia flutuar com muita facilidade...

Difícil mesmo foi ela escalar aquelas paredes brancas e lisas, todo esforço para nada, acabava voltando para o principio de tudo, escorregava na louça do vaso sanitário e sempre voltava a mergulhar na água ainda branca e alva daquele vasilhame estático neste piso cerâmico, depois de muitas tentativas ela ficou cansada e acabou cochilando boiando na superfície destas águas no fundo daquele vaso.

Sorte dela que nesta casa só morava Ritinha e sua filha que neste momento estavam fazendo compra no supermercado, demorava chegar, e já estava anoitecendo. Esta criaturinha nojenta tinha as vistas curtas, mas, ouvia com muita perfeição e sendo assim logo ouviu quando algum veiculo estacionou na garage, a baratinha percebeu que vinha gente ali, o salto dos sapatos denunciava as passadas caminhando pela casa; era o barulho da menina e de dona Rita no momento que acondicionava a mercadoria no armário enquanto conferia as compras pra ver se não faltava nada.

_ Acho que me esqueci de algo; dizia ela pensando em voz alta...  de comprar a lâmpada para o banheiro, hoje o banheiro vai ficar as escuras, porque a luz do corredor não auxilia em nada, disse ela sem pausar a fala.

A baratinha cascuda nem sabia o que significava a palavra banheiro, e nem sabia do perigo que ela estava passando, pois a qualquer momento poderia ela levar uma bela descarga e chuaaa... Ir parar lá na galeria da rua, assim até poderia melhorar para ela; baratinha cascudinha nojenta, odiada por todos os seres humanos, iria ela parar em um espaço amplo e com outras infinidades de amiguinhas nojentinhas.

Depois do passeio no mercado, no shopping, ida a sorveteria, algumas coca cola suco de laranja, água geladinha e tantos líquidos na barriga destas vaidosas meninas; mãe e filha, olhem, veja em que sucedeu ai isso sobrou tudo para a baratinha que ainda cochilava flutuando na água límpida do vaso sanitário que der repente acordou com um barulho.


Agora a pobre cascudinha se prepara para outra fase de sua vida; conhecer novas amigas desta mesma espécie.

Dentro de alguns instantes já estava a dona baratinha, toda encolhida muito envergonhada, arrastando as asas, neste final de história sofreu várias fraturas com dores intensas, repleta de baixa astral, quase se afogou,  agora nova moradora desta galeria do esgoto tentando conquistar algumas amizades, mas, aquelas que poderiam serem suas amigas fazem todos os tipos de chacotas, e em meio de zombarias, achincalhes, gargalharam, fazendo todo tipo de gozação, diziam elas que a tal baratinha estava com a cara mijada...
Antonio Herrero Portilho - 09-6-2015
Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 09/06/2015
Reeditado em 08/07/2021
Código do texto: T5270836
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