MAR - um continho de felicidade
Num barco à deriva me encontro, sem saber como chegar, nas ondas mergulho meu pranto, e a saudade, vai pro fundo mar. No peito a dor me atormenta, Rosinha no porto a esperar, os filhos, tadinhos, pequenos, não sabem onde eu possa estar. Amigos de copo e de pesca, a me procurar estão, nem tudo é sempre festa, mar revolto, vão, vagas largas, a açoitar o barco estão, em preces me posto e louvo, para que me encontrem são. Uma luz trêmula e fria, aponta no embrenhado de águas e nuvens, grito meu grito insano, prevendo o meu fim derradeiro. Uma leve cegueira, me turba as vistas, sinto a água cobrir meu corpo frio e cansado. Adeus Rosinha querida, cuide de nossos filhos amados. Acordo moído e difuso, num cobertor agasalhado, meu amor e amigos, me olham com faces espantadas. A pesca se foi inteirinha, o barco aos pedaços ficou, só sei que graças aos céus, me salvei, e pros braços queridos de Rosinha, voltei.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 04 de fevereiro de 2015.