CONTOS ERÓTICOS DA ALMA

"O desejo é esse movimento das almas. De tudo aquilo que ela nega em si mesma, do ser e do não ser".

Há muito tempo eles ficavam se olhando, como uma espécie de caricia pelo olhar. Não sabiam nada um sobre o outro. Apenas que suas fantasias se encontravam em lugares providos de acasos anônimos. Tudo que ela vestia revestia nele uma espécie de desejo sem nome, que seu corpo era tomado de uma força descomunal beirada de pensamentos intrusos quando ela passava. Eles faziam amor pelos olhos e não sabiam. Desejavam-se mutualmente num silencio ensurdecedor. Que excitação ele sentia, quando ela retocava seus cabelos de uma forma delicada, que seu corpo jovem inebriava divinamente todas as palavras. Eles ficavam se olhando, e era nesse olhar que nascia toda a fome de desejo, de ser comida. Queria ser devorada como os pensamentos proibidos revelados pela paciência que tinha em não se subjugar ao impulso das suas vontades. Ah essa vontade, ia crescendo a cada encontro incerto nos lugares destinados como roteiros inconscientes da alma, que buscava na volúpia todo os seus nutrientes mais concisos. Ele pensava nela como um sentimento de delicia que o invadia como um intruso sentimento incontrolável. Essas horas do cio eram repletas de uma fome que crescia com sua presença. Era insuportável a ter ali, preferia que ela não existisse. Mais seu ver se degustava de uma forma quente. Tocante, ardente e envolvente, que gozavam de uma intensidade única. Eles não saberiam o que passariam dentro de suas almas. Penetravam um ao outro a cada instante sem saber que faziam amor. A intensidade ia aumentando, enquanto a fantasia não se realizava mais revelava a vontade desse desejo anônimo. Por não acontecer, mais eram solicitados a desejar, pois não sabiam quem eram um ao outro, apenas que eram o desejo de um Outro que se faziam outros de seus desejos.

De Poeta das Almas

Fernando Henrique Santos Sanches