O sorriso da flor
A menina sorriu. Seu sorriso bonito tocava bem fundo o coração do homem, que sorria também. Sua voz despertava resquícios de um passado remoto, trazendo à memória outros risos de crianças, que riam com muito prazer. A sua mão tocava nas mãos grossas do homem, que sentia com doçura a textura daquela pele macia. Lhe vinha a imagem outras mãos que outrora lhe faziam carinho. No olhar brilhante daquela menina ele via outros olhos, que o fitavam com a graça de um olhar infantil. Não mais ouvia a sua voz agora, não mais a via, nem sentia. Mergulhara naquela lembrança bem guardada no fundo do seu coração. Nas suas lembranças, à sua frente, crianças sorriam e aos pulos o enlaçavam, o beijavam e de novo corriam, soltos pelo parque. Lágrimas caíam dos olhos do homem. A lembrança daqueles momentos faziam-no voltar anos no tempo, reviver com uma saudade sofrida instantes intensos de felicidade. Lágrimas caíam dos seus olhos... Não mais as via, nem sentia o seu cheiro doce de flor. A menina o olhava e vendo as suas lágrimas acariciava o seu rosto. Agora ele via de novo a menina. Seu olhar penetrante parecia querer mergulhar em sua dor. Ao vê-la tristonha, sorrindo, buscou o seu sorriso, que logo brotou. Na inocência da flor não havia lugar para a dor e a menina sorrindo, de novo, segurava as suas mãos e suavemente o levava. E ele, docemente, se deixava levar. Aquela menina não queria a sua dor, só queria lhe dar carinho e amor. Não mais chorava... Naquele momento não havia lugar para a dor. A dor que há pouco sentira, se fora pelas mãos da menina, que o olhava sorrindo. E eram lindos os seus olhos cor de mel, tão lindos que adoçavam a sua alma. O homem de novo sorria com prazer, ia por onde aquelas mãos o levavam. Via o céu, via o sol e as flores pelos olhos da menina, que encantada sorria e o olhava com graça. De novo a felicidade brotava em seu coração, que antes sofria. A alegria e a doçura venceram a dor, que a sua alma antes sentia. Aquela menina lhe trouxe de volta, com o seu sorriso lindo, o amor...