SEGUNDO ETERNO

Ninguém mais podia deter aquela movimento, uma consequência inevitável da intricada rede de causas que se uniam em um quebra cabeça improvável, onde as peças se encaixam sem rebarbas ou defeitos de fábrica. Uma sequência de inúmeras casualidades, do passado e do futuro, desencadeando a única resposta possível, com força tsunâmica.

A máquina biológica já iniciara seu movimento poderoso e como um rei mesquinho ou um ditador implacável, indiferentes às vontades da natureza comum, sabia que nada mais poderia detê-la.

A boca sisuda, enrijecida, com todos os micro-defeitos abolidos pela utópica alma estética, já se apropriara da estrada inevitável. As linhas, imperfeitas, iniciaram sua metamorfose, a bela transformação, a dança da orquestra da felicidade.

Junto ao turbilhão confuso que envolve cada centímetro quadrado do valorizadíssimo terreno da construção humana, a explosão interior do foguete rumo ao espaço. Falta de espaço. Falta de ar.

A lembrança, no momento triunfal em que cruza a linha de chegada o ápice da piada cotidiana. Com o movimento, dos lábios, o do corpo, o dos olhos, lágrimas. Soberano, exibindo orgulhoso seus fiéis súditos de marfim, gozava exibido de sua indecente vitória. Imprudente arquiteto, mestre magristral do segundo eterno, o sorriso.

Josadarck
Enviado por Josadarck em 10/11/2013
Reeditado em 10/11/2013
Código do texto: T4565350
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