O dia que lhe perdi
 
Talvez o tenha perdido há muito tempo e não enxergava.  Talvez   enxergava sua perda, mas  não  queria admitir. Talvez ainda, que tu nunca fostes meu, e eu vivia uma doce ilusão porque queria me sentir feliz. Não importa quantos talvez existam. Era a vida que eu gostava de   viver ao seu lado,  e hoje 26 de agosto de 2013, mais uma vez estou sozinha. O mal de Alzhaimer  tirou de vez você de mim. Não sei o porque, mas você me olha, me reconheces e dentro de você aqueles sentimentos de amor que dizias ter por mim, transformaram-se em revolta, em ódio. Não aceitas  nada de mim, nem sequer um copo de água. Só quando choro e digo que não quero que te levem daqui para um hospital, olhas para minhas lagrimas  rolando e comes alguma coisa. Tenho que aceitar a realidade da gravidade de sua doença. Mas por que? Porque m eu Deus este esquecimento  dos momentos lindos que vivemos? Por que quando tento lhe lembrar muitas vezes  fixas o olhar para o vazio tentando tirar dele as lembranças  sem conseguir?  E a doença eu sei. Mas para mim e um castigo. Que fiz meu Deus? Dizes muitas vezes que quer morrer. Mas eu que estou morrendo a cada dia, mais que você. Não sei nada  do dia de amanha. Só sei que nunca mais vamos sentar na mesa juntos, não vamos mais bater nossos papos, ver TV, ouvir musica, passear. O ultimo passeio   juntos foi dia 24. Passeamos de carro, e me pedistes ir até a praia de Ponta Negra. Tomastes água de coco, batucou  as musicas do radio e dissestes que me adoras. Como pode em dois dias a maldita doença te atacar assim?   E agora?O que será que a vida me reserva mais? Não sinto vontade de comer sozinha, viver sozinha sem conversar, viver com medo de te acordar para comer, beber, te dar banho, medo que tu fiques violento, que piores. Deus !!!!!!