OS MISTÉRIOS DA SEMANA SANTA

A história que vou relatar tem a ver com a Semana Santa dos Cristãos e, para que fique mais claro para quem for ler, vamos descrever como é definido o Domingo de Páscoa e, por consequência a Semana Santa.

A Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre depois do equinócio da Primavera (no hemisfério norte, outono no hemisfério sul), ou seja, é equivalente à antiga regra de que seria o primeiro Domingo após o 14º dia do mês lunar de Nisan. Poderá assim ocorrer entre 22 de Março e 25 de Abril. Mas como foi que se definiu que deveria ser assim? Vejamos a seguir:

O dia da Páscoa é algo que a maioria das pessoas aceita sem questionar o fato de não ocorrer numa data fixa.

A discussão para a fixação de uma data para celebrar a ressurreição de Cristo aconteceu no concílio de Nicéia no ano de 325, onde hoje existe uma aldeia chamada Iznik, na Turquia.

O concílio foi imposto e patrocinado pelo imperador Constantino para que houvesse uma data padronizada para a Páscoa por todas as seitas cristãs daquela época – um imperativo para a Igreja Católica (“Universal”). A fixação dessa data era algo muito complicado porque a ressurreição de Cristo ocorreu na páscoa judaica, cujo calendário baseia-se nas fases da lua, e não se dispunha de conhecimentos astronômicos para sincronizar as fases lunares com o calendário solar vigente – o calendário juliano –, que também era falho. Além disso, os cristãos queriam desatrelar essa comemoração da páscoa judaica. O jeito foi associar a ressurreição de Cristo ao equinócio da primavera, correlacionando-o com fases da lua e o ciclo semanal dos domingos. Confuso? Sim, e foi assim mesmo.

No concílio de Nicéia ficou definido que a Páscoa deveria cair no primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do equinócio (da primavera, no hemisfério norte), mas nunca poderia cair no início da páscoa judaica. Um imbróglio, porque não havia conhecimento científico para definir com precisão a data do equinócio.

Equinócio é a data em que o dia tem a mesma duração da noite. Ocorre um equinócio na primavera e outro no outono.

Como curiosidade, temos também os solstícios – de verão (o dia é mais longo que a noite) e de inverno (quando a noite é mais longa).

E, por desconhecimento científico, fixou-se arbitrariamente o dia 21 de março para o equinócio da primavera. Essa arbitrariedade redundou em acúmulos de erros devido às incorreções do calendário juliano, e que só foram acertadas bem mais tarde no calendário gregoriano, elaborado sob orientação do matemático alemão Christopher Clavius durante o pontificado de Gregório XIII, em 1582 da era Cristã.

Nessa reforma foram omitidos 10 dias na contagem do mês de outubro de 1582, de modo que à quinta-feira, dia 4, seguiu-se a sexta-feira, dia 15 (com isso, era firmado o equinócio da primavera no dia 21 de março).

Foi adotada uma regra extra para fixar a Páscoa de modo que ela nunca ocorresse antes de 22 de março e nunca após 25 de abril: “A Páscoa ocorre no 1º domingo após a Lua Cheia Eclesiástica (13 dias após a Lua Nova Eclesiástica, definida segundo o ciclo metônico – do astrônomo grego Meton), que ocorre após ou no Equinócio da Primavera Eclesiástica (21 de março); caso o dia assim definido esteja além de 25 de abril, a Páscoa ocorre no domingo anterior; caso a Lua Cheia Eclesiástica ocorra no dia 21 de março e esse dia seja domingo, a Páscoa será no dia 25 de abril”.

Devido a essas definições, a Páscoa nem sempre ocorre num mesmo dia, o que aconteceria se sua definição fosse puramente astronômica.

Todavia, o calendário gregoriano não foi aceito por todos os povos ocidentais ao mesmo tempo. Alguns países aceitaram-no quando de sua imposição, a saber: Polônia, Portugal (Brasil), Espanha e parte da Itália. Outros países adotaram-no mais tarde: Inglaterra (1752), Japão (1873), Rússia (1918), Turquia (1927), etc.

(Fonte eletrônica:www.testonline.com.br/pascoa.htm)

Feitos esses esclarecimentos como surgiu o Domingo de Páscoa, vamos relatar um fato curioso que ocorreu com uma família circense.

Na década de 60, havia Circos Teatros que viajavam pelo interior dos Estados levando a arte circense a toda população. Eram circos de variedade, pois, apresentavam os números com artistas que eram verdadeiros atletas, fazendo acrobacias, malabarismos, evoluções no trapézio voador, as pantomimas dos palhaços que muito alegravam tanto as crianças como os adultos.

Além desses números característicos, também tinham animais adestrados, macacos, cachorros, leões, elefantes e outros.

Uma das características dos circos dessa época era o teatro que eles apresentavam, daí que a propaganda era feita anunciando: “CIRCO TEATRO (nome do circo), com show de variedades.

Esses circos, além do espetáculo com seus artistas, apresentavam peças em palco, onde os artistas/atores representavam e peças que ficaram famosas como: “A MORENINHA”, “ESCRAVA ISAURA”, “FERRO EM BRASA”, “CRIME POR AMOR” e muitas outras. Mas, na Semana Santa, os circos teatros apresentavam a peça “PAIXÃO DE CRISTO”, durante a semana toda.

Muitos cantores sertanejos se apresentavam nos circos que percorriam as cidades, duplas como LUIZINHO, LIMEIRA e ZEZINHA; ZÉ FORTUNA, PITANGUEIRA e ZÉ DO FOLE; NENETE, DORINHO e NARDELI; PEDRO BENTO e ZE DA ESTRADA; ZÉ DO RANCHO e MARIAZINHA, CHITÃOZINHO e CHORORÓ; MILIONÁRIO e JOSÉ RICO, e muitos outros.

Pois bem, um desses circos teatros, na Semana Santa, apresentava, durante toda a semana, exceto na Sexta-Feira Santa, a peça Paixão de Cristo. Isso era sagrado. Na Sexta-Feira Santa, ninguém trabalhava no circo. Era dia de respeito e de guarda.

Esse circo tinha animais que eram utilizados na apresentação de alguns números, dentre eles tinham dois leões, amestrados e domesticados. Eram “gatos gigantes” como a eles se referiam, tanto o domador como os tratadores.

Na Semana Santa, os números variados eram reduzidos, pois, o ponto alto era a peça “PAIXÃO DE CRISTO”, onde todos os artistas eram envolvidos com a representação.

Naquele ano não foi diferente. Entretanto, na quinta-feira, dia de Endoenças, houve a última apresentação da semana. A partir do sábado de aleluia, a programação voltava ao normal.

Na sexta-feira santa, os artistas ficavam “coçando”, no linguajar do circo, isto é, sem fazer nada. Assim, já durante a noite, resolveram brincar com os leões. Trouxeram-nos para a jaula grande que ficava no picadeiro e os deixaram lá. A seguir pegaram dois frangos e jogaram dentro da jaula. Por incrível que pareça, os leões nem deram bola para os frangos, que normalmente eram dados a eles como alimentação. Era uma situação inusitada, pois, todos os presentes esperavam que os leões devorassem os frangos. Mas nada disso aconteceu. Parecia até que os leões também estavam guardando a Sexta-Feira Santa, com todo o respeito que a data merece. E como todos do circo, estavam guardando esse dia, parecia que as feras também entendiam e respeitavam.

Os frangos entravam e saiam da jaula pelas grades, passavam entre os leões e nada acontecia. Todos se perguntavam o que estaria acontecendo. Era uma coisa inexplicável, mas o fato é que estava ocorrendo às vistas de todos.

E a brincadeira continuou. Quando os frangos saiam e não voltavam, o domador e o tratador pegavam os bichinhos e jogavam de volta dentro da jaula e nada acontecia.

Entretanto, quando o relógio marcou “meia-noite”, os leões atacaram os dois frangos e não sobrou nada de nenhum deles.

Todos que ali estavam, e assistiram a tal cena, se arrepiaram, e fizeram a prece universal, que o PAI NOSSO, e sentiram um reavivamento em sua fé, e mantiveram a tradição de não trabalhar na Sexta-Feira Santa, pois se até os animais a respeitavam, não poderia ser diferente para os homens.

Daniel L Oliveira
Enviado por Daniel L Oliveira em 21/03/2013
Reeditado em 21/03/2013
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