Notícia de morte
Havia morrido fazia quase seis meses... No dia vinte e nove de Fevereiro de dois mil e doze. Neste instante, abriu-se um buraco no chão do quarto, e ela caíra dentro dele como se estivesse caindo em um precipício. De saudade, de recordações, de mágoas... Por tudo aquilo que ela gostaria de ter vivido ao seu lado e não viveu, por todos os anos daquele devoto sentimento que ocupou o seu peito em silêncio, por todas as coisas as quais ela não tinha o poder de controlar.
Naquele momento não conseguira chorar – não acreditava na morte – era como se tivesse levado um soco no estômago: estava branca, pálida, pasma, abismada, catatônica. Ensimesmada em seu mundo, vivia agora a dor do luto, uma espécie de pena de si mesma. Vagava sabe lá por que galáxia perdida do sistema solar, talvez estivesse vagando pelos anos do passado...
De que teria ele morrido? De assalto? Como vivia no Rio de Janeiro, podiam ter lhe assassinado em um assalto relâmpago. De doença? Podia ter tido um ataque cardíaco fulminante. De overdose? Podia ter cheirado todas e não aguentado. Um homem praticamente ainda tão novo... Enes possibilidades povoavam sua cabeça. O fato é... Que não sabia! Não haveria como saber, ficaria para sempre essa dúvida latente (pairando sobre sua cabeça) como uma estaca cravada no peito, uma lacuna que nunca seria preenchida.
Não sabia! Não sabia de nada, apenas que a morte era uma notícia confirmada em um site na internet. A curiosidade latejava lhe as veias... Ela fora vasculhar alguns sites em busca de algumas novas do figura com quem havia tido relação no passado. E achou a bombástica notícia!...
O que faria ela agora? O que seria dela agora? Com tantas recordações para serem “apagadas”, deletadas daquela vida, vivida apenas pela metade, com tantos rasgos do passado, tantos lapsos de vivência. O tempo não podia retroceder... Jamais o encontraria novamente e tantas coisas tinham ficado por dizer... Tantas palavras tinham sido caladas pela força das circunstâncias... Não deu tempo para acertar as contas que ficaram pendentes.
Uma nostalgia rosa invadira lhe o peito, um perfume sereno de flores... No fundo, no fundo, Havia nela uma “pseudoesperança” de que um dia eles voltariam a se encontrar! E agora, ela chorava sim! Chorava pela menina que tinha sido... Por tantas esperanças vazias, por tantos sonhos (quebrados) que tinham ficado pelo caminho. Pela incapacidade de não ter conseguido ter sido feliz!
Chorava... Por uma existência inteira “falida!”