O mais leve vôo
Nasci pronta para voar. O criador havia me presenteado com um par de asas exuberantes, de um colorido único. É certo, que eram um tanto delicadas, mas nisto também consistia a minha beleza. O Pai do universo também me dera outro presente, do qual poderia louvá-lo até o fim da minha vida: Um belo jardim. E como dizem, no inicio tudo eram flores, das mais diversas, de encantar os olhares humanos. Sentia-me livre naquele pequeno paraíso, sabia que com as minhas asas poderia voar por onde escolhesse. Este fato devia-se a outro presente especial que eu recebera do meu amoroso Pai:o livre- arbítrio.Durante anos voei livre naquele jardim, sugava o suco das frutas e colhia néctar das flores, meu puro alimento. Eu era ciente da minha função naquele lugar. O Pai havia me dado uma importante missão. De maneira simples eu ajudava na perpetuação das espécies. Porém, um dia percebi algo diferente no meu jardim, vi que dois olhos ávidos me vigiavam. Neste dia descobri o que meu Pai havia me confidenciado em umas de suas visitas ao meu jardim. A partir de então, percebi que nem tudo eram flores em minha vida. Compreendi o porquê do meu difícil nascimento, quando tive que enfrentar o aperto para sair do meu caçulo, era assim que tinha que ser, para que aprendesse a fortificar as minhas frágeis asas.
Mais tarde, descobri algo que me pertubou mais ainda, o curto tempo de vida que eu teria. Senti-me traída pelo meu criador. Ele me fizera bela e perfeita, me dera tudo quanto eu precisava para desenvolver-me fisicamente e espiritualmente, entretanto, não havia explicado que eu teria um ciclo de vida.
A morte para mim, porém foi leve, foi como o meu voar de todos os dias... Bem que meu Pai havia me tranqüilizado a esse respeito, em umas das minhas noites de angústias. Havia ele me prometido um paraíso ainda mais belo, onde não sentiria o peso das minhas asas...