ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: RECEITA DA FELICIDADE

ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: RECEITA DA FELICIDADE

Rangel Alves da Costa*

Conto o que me contaram...

Além dos deliciosos bolinhos de chuva, dos biscoitos de nata e dos apetitosos mugunzá e arroz-doce, a coisa que a vovó mais gostava de fazer era ensinar aos mais jovens – ou mesmo quem quisesse ouvir – a receita da felicidade.

Tudo muito simples. Mas não permitia de maneira alguma que alguma mocinha ou rapazinho ao menos tencionasse em anotar o que ia dizer. Segundo ela, a receita da felicidade era coisa para se ouvir e guardar na mente e no coração, jamais escrita num pedaço de papel que podia ser esquecido ou ficar sem qualquer serventia.

E ensinava:

Pergunte à lua mais cheia e ao sol mais brilhante porque eles parecem estar tão felizes. Certamente eles não responderão, mas você saberá como brilha e se enche de encanto a pessoa que está feliz.

Dificilmente as palavras dos outros nos chegam trazendo a felicidade. Lembre que muitos trazem na cordialidade a inveja, o ciúme e a ironia. Por isso mesmo valorize mais o diálogo com os bichos, com as plantas, com toda natureza em si, do que com seres humanos. E nesse diálogo sem precisar abrir sempre a boca, terá de volta aquilo que fará bem ao seu coração, sem qualquer falsidade.

Você não é a pessoa mais bonita do mundo, nem a mais atraente, nem a mais corajosa nem a mais virtuosa. Mas você é, e será sempre, a pessoa mais bonita do mundo, a mais atraente, a mais corajosa e a mais virtuosa. Essa certeza lhe fará segura de si, ciente de que é importante na vida e nobremente feliz.

O silêncio é seu amigo, mas palavra impensada não; o quarto é seu amigo, mas o quarto fechado não; o entardecer é seu amigo, mas não viver o final da tarde para o entristecimento, para as tristes recordações ou para reviver angústias e aflições. Lembre que você é sua amiga, mas você mesma em dúvida não.

Mantenha o semblante singelo, tenha sempre o corpo sadio, procure ver o mundo a partir dos pincéis de artista que você tem nos olhos. Mas por dentro seja criança, infantil, adolescente, um ser humano que é completamente tomado de risos, alegrias, festejos, incontidas manifestações de prazer.

Abra sua janela logo ao amanhecer, viva esse momento bom, sonhe, planeje, sinta a chuva que cai, corra no meio da chuva e se molhe completamente, dance a valsa da felicidade, pule, brinque e grite bem alto que é a pessoa mais feliz do mundo.

E se um dia duvidar da felicidade não se entristeça por isso. Se ela lhe faz falta é porque está à sua procura. Não desista, vá atrás e seja muito feliz!

Poeta e cronista

e-mail: rangel_adv1@hotmail.com

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