Como Resolver Um Amor Mal Resolvido

Eu me fiz assim: louco sem ter fim, pra lhe ver não mais. Mas o pouco em mim foi demais, enfim, você vive atrás. Desse louco amor, só pra ver se o jeito vai...

...importa aonde? Se a pé você chegou ao bonde e o bonde de ontem era apenas um itinerário mal traçado, errado, sem trilhos, só otários, nem isso ou aquilo, o que der...

E se não deu? Se não deu está sem pé, nem cabeça. Mereça! Mereça! Disse do bonde, mas bonde não há! E se não deu? Lamento: os versos dos gestos caídos são meus, cansei, me abusei, desusei. Enjoei. Já deu. E se não deu? Já deu.

Eu me fiz assim: louco sem ter fim, pra lhe ver não mais. Mas o pouco em mim foi demais, enfim, você vive atrás. Desse louco amor, só pra ver se o jeito vai...

...e se não for? Jeito é jeito, assim determina a humanidade. Paciência.

Demência pra quê? Lua-de-mel no Brasil? Quero eu não ser beato... Núpcias na Europa? Apenas se for por celibato. Entendeu a diferença que não há? Você é igual demais, sou eu assim tão diferente, meio copo vazio de água é sede urgente; copo cheio é ausente. Inventa outra possibilidade? Meio amor é maior que amor e meio! Tenta qualquer igualdade? Se for pra amar, acertou em cheio! Sou mais amor que amor inteiro, não dê asas ao forasteiro, se vem de dentro, vem primeiro.

Amor desamor, afeto. Já disse isso antes em outro canto, se á amor, o amor é tanto, se é desamor, perdeu o encanto: se é só afeto, um papo reto decide tudo... Amor, desamor: astuto!

Eu me fiz assim: louco sem ter fim, pra lhe ver não mais. Mas o pouco em mim foi demais, enfim, você vive atrás. Desse louco amor, só pra ver se o jeito vai...

...já foi. Já deu: um abraço a quem absolutamente prometeu, aquele beijo pra quem fica, explicação que nunca explica, e a aparência de quem fala não sou eu.

Amor desativado: coleção de verso inteiro. Nem termina, jamais acaba. Metáfora da alma que não acalma. Verso inteiro e inacabado, palavra que nunca devia ter escapado.

A culpa jamais será sua: eu me fiz assim coisa nenhuma!