Recife
Eu vou subir pela tua perna, agarrar seu joelho e te implorar, te implorar pra você não me deixar. Agarrada ao seu joelho eu vou lembrar de todos o momentos bons, das suas juras de amor eterno, daquela nossa viagem pra Recife, lembra? Lembro do café da rodoviária de lá, você disse que possivelmente aquele seria o melhor café da sua vida…Ou talvez o segundo melhor café, pois você ainda não tinha provado do meu café…
Mas agora é tarde, mas ontem também foi tarde, amanhã será tarde…É, eu não te beijarei mais com meu bafo do melhor café da sua vida…Agarrada ao teu joelho, já seria tarde, você não me escuta mais. As minhas lágrimas escorrendo pela tua perna, se fosse Recife nós estariamos na praia agora, que mentira, em Recife também seria tarde! Mas era tarde de sol, de praia, de cinema, de café…hoje é só tarde. Hoje é tarde.
Mas ainda tarde te imploro, não me deixe, ne me quitte pas, não me abandone, jamais, juramos na igreja, juramos o sempre sem imaginar o tarde! Agarrada ao teu joelho eu direi: “é tarde pra você, mas pra mim é cedo!” e emendo com teu choro certamente seco: “pra mim não é tarde; tarde só daqui 10 anos; tarde só quando meu café já não for o melhor; tarde só quando Recife não for mais Recife”! “É tarde” ah, quando te conheci quis ter te conhecido antes, logo quando te conheci, foi tarde…Hoje eu entendo, sempre foi tarde. Agarrada ao teu joelho, entenderia, sempre foi tarde desde que te conheci.
(Você era um homem tarde quando eu precisava de um homem cedo, mas sempre foi tarde contigo. Eu que não percebi cedo.)