O Bar
O cheiro de cigarro era intenso. Não era como os que fumava, era forte, exótico, viciante.
Tinha poucos conhecidos, o bar cheirava a cerveja ruim, mas agradava o som do violão um pouco desafinado de fundo. Quem tocava era uma garota nova. “Tem um rosto bonito, mas falta um pouco de corpo” ele pensava, mas aquilo era um fato.
Não sabia muito bem onde estava, e o que ele se lembrava, era que um amigo tinha levado ele lá, pra conhecer alguém. Mas ele mesmo já tinha ido embora, K. só sabia que era perto da faculdade e que seu amigo ficava horas ali bebendo e jogando conversa fora com algum conhecido do acaso. E foi entre os poucos dias que ele ia pra a faculdade ele o convidou, e K. aceitou.
Seria esse o seu erro?
K. fumava um cigarro que pegara de um estranho, viu a caixa. Cigarro alemão tentou guardar o nome, mas logo esqueceu.
Foi então, que inerte em seus pensamentos e com um palito na boca porque seus cigarros acabaram, tomou um susto, viu que já era mais de meia noite e estava atrasado pra chegar em casa.
Mas o pior é que ele não queria sair. Estava envolvido pela musica, pelo cheiro, pelo clima quase boêmio do bar.
Seu amigo não voltou mais e já estava perdido mesmo. Então resolveu ficar e pensar: o que é que estou fazendo aqui? Lugar horrível deveria esta em casa estudando, mas esse bar tem algo chamativo, um clima parisiense, charmoso.
K. já estava sem cigarros, pediu ao garçom. Perguntou se tinha alemão ou qualquer outro parecido, mas não tinha, então pegou o mais forte, mas não era a mesma coisa. Mas mesmo assim ficara sonhando acordado.
Ficou pensando no que faria se fosse para casa, não faria nada e se ficasse, também.
E isso tudo porque no inicio acreditava que o bar não iria atrair. Ótimo engano. As pessoas entravam e saiam do bar, por mais tarde que fosse, mas mesmo assim para K. isso parecia não fazer diferença já estava muito apaixonado pelo lugar.
O frio batia e os toldos desciam, garçons passavam com diferentes drinks, mas isso não tirava o cheiro de cerveja ruim do ar. Sentia-se atraído, puxado pelo bar de ares charmosos.
O tempo passava e K. não se mexia, estava perdido nas fantasias que criava.
O bar que parecia tão distante agora era uma paixão de um único olhar, daqueles em que os olhos se cruzam e se amam, mas se quebram apenas com um simples piscar.
Começou a pensar criar idéias de uma vida toda para poder comprar o bar, ficar com ele e apenas pra ele. Enquanto ficaria fumando um cigarro alemão, escutando um violão desafinado de uma menina de rosto bonito e sem corpo, queria fazer isso por toda a vida.
O cigarro de K. acabou, e enquanto pagava a conta acendia mais um. Estava decepcionado com o sonho que como o cigarro, acabou muito rápido, mal havia durado cinco minutos.
Tentando achar o caminho de casa, K. falava para si:
- O que vale um sonho de uma vida toda, se ela mesma acaba antes de um maço de cigarros importados?