'globo de neve
'Saía tímida pelas ruas...virou em uma esquina que nunca virava passando por portas e janelas que nunca havia visto, ouvia o som abafado de risos ou de alguma TV ligada. Imaginando quantas pessoas..seres humanos com uma vida..sentimentos e um passado e mais..um futuro, estavam atrás daquelas portas. Caminhava devagar na velocidade de sua pulsação tentando inutilmente se esquecer do que estava tão embrenhado dentro dela como erva que nasce sem nossa permissão e que sem pedir licença cresce e aparece toma todo o nosso campo invadindo nosso coração.
Andou mais algumas quadras, estava decida a andar por onde nunca havia andado, pisar em calçadas que desconhecia, nessa noite ela tinha sede do novo ,queria sentir diferente, estar em lugares diferentes e de preferência sozinha.
Já não sentia mais medo, no máximo o frio, causado pela brisa de inverno, que percorria seu corpo.
Corpo esse que estava quente de esperanças, de vida, de planos. Conseguia enfim deixar o frio do medo e do receio naqueles lugares que a olhavam passar em sua rotina diária.
Olhava o céu e de lá era olhada por uma lua tímida, porém viva fazendo a menina pensar no quanto era vasto esse universo, sentiu-se pequena porem completa.
Sentia, sabia que fazia parte daquele todo, sabia que era nada e tudo ao mesmo tempo. Sempre que olhava o céu se imaginava em um daqueles globos de neve muito famosos no hemisfério norte. Imaginava-se presa numa redoma de vidro onde o céu se fundia na linha do horizonte aprisionando-a num mundo que ela não escolhera. Mas não, nessa noite era diferente, ela conseguia ver que o céu não era nem de longe o limite, o fim. Não era. mais havia mais e nisso ela pode olhar para dentro e ver que ali havia mais. Que dentro dela havia um universo sem limites...esperando para ser explorado..