A Descoberta
De repente, ela se viu feliz! De uma felicidade absurda e desenfreada. Riu a toa! Vestiu-se bem, ousando usar uma saia mais curta, que ganhara da sobrinha assanhada e nunca usara, guardando para uma ocasião especial. Maquiagem era demais, mas arriscou um batom... vermelho... que passou devagar, olhando ao redor, com medo de estar sendo observada, apesar de saber que vivia sozinha. Um perfume discreto completou o ritual. Olhou-se no espelho, corada. Corava de felicidade, a tal que já mencionei, e... também de vergonha do que encontrou. Saiu para a rua se requebrando toda, achando que a vizinhança inteira a admirava, e caminhou pela calçada fazendo barulho com os saltos altos, já antigos, mas bem conservados. Entrou na padaria, pediu os pãezinhos, como todo domingo, e ficou lisonjeada com os olhares mais prolongados.
- Está bonita, hoje, Dona Elvira! – disse o atendente, menino jovem, quase inocente.
- Obrigada! – respondeu com a voz sumida, ruborizando.
Pagou a mercadoria e saiu se requebrando mais um pouco.
Nunca se sentira tão atraente, tão bonita e sensual. Desfilou pela rua no rumo de casa, onde preparou um café e, enquanto esperava ficar pronto, sentiu uma euforia... Só de pensar que mais tarde iria fazer de novo... Jamais imaginou que fôsse tão bom. Tantos anos sozinha, depois de dois casamentos curtos fracassados, mas aos cinquenta anos, sentia esperanca de dias melhores e encontrou, por acaso, enquanto tomava banho, a razão de tanta felicidade. Encontrou o que se escondeu dela pela vida toda, embora tenha estado sempre ali... bem ali! Encontrou, com surpresa e pela primeira vez, seu ponto G. Sentiu-se mulher!