Lembrança I

Um dia comum, sai com minha mãe, íamos ao centro, acho que fazer compras.

Eu queria ser adulto, me sentia adulto, daí, a maior prova disso, era pagar a passagem de ônibus.

Então bati o pé. Era necessário rodar a catraca para que eu confirmasse minha maturidade. Paguei, rodei.

Mais tarde vi um belo sorvete voando pela praça central. – mamãe, eu quero! Desculpa, Wellington, mas você usou seu dinheiro pra pagar o ônibus.

Eu quis ficar triste, mas pensei, deve ter um preço pra ser adulto. Então vou esperar mais um pouco, porque preciso de sorvetes nesta fase da minha vida.

Mamãe me ensinou que as coisas têm seu próprio tempo, não dá pra sair atropelando tudo, sabe.

Lembro-me que pensei: “– o dia que eu alcançar a cordinha do sinal... ah! As coisas vão ser diferentes...”