A BORBOLETA
A borboleta, quase um pedaço do arco-íris, apesar do décimo-nono andar e da chuva renitente, entrou pela janela e pousou.
Primeiro, numa das muitas prateleiras de livros, sempre desarrumados.
Depois, voejou pelo quarto, instalando-se em meu ombro, íntima e confortavelmente.
Recuperado do espanto, permaneci imóvel, temendo espantá-la.
Por mais de uma hora, abstraídos de tudo ao redor, quedamo-nos nessa insólita situação; até que ela, serena e majestosamente, alçou de novo voo, de volta à imensidão cinzenta de onde saíra, indiferente ao frio, à chuva e à minha solidão.
- por JL Semeador, em 25/09/2009 -