Em frente ao Cais
Estou parado em frente ao cais, ao longe navios chegam, partem.
Giro meu olhar e vejos as putas novas, as velhas, estivadores de pele calejada pelo sol.
Na noite passada perambulei pelos guetos fétidos ao redor do porto entrei em um botequim, sentei-me em uma mesa próxima da porta, assim poderia ver tudo, acompanhar as cenas típicas da grande ralé descartada pela sociedade civilizada.
A mesma sociedade civilizada que cria filhos com tanto amor, que lhes parece impossível cogitar um não!
No jornal de ontem saiu a notícia, jovens de alta classe são pegos furtando loja, depois disseram ser uma brincadeira.
Estas brincadeiras tão diferentes das que eu costumava ter em meus tempos, como carrinho de rolimã por exemplo.
Pois bem voltemos aos regeitados pela sociedade "justa".
O dia estava quase amanhecendo, sai cambaleando pela rua, apoiado nos ombros de um travesti que se dispôs a me ajudar.
Agora estou aqui aturdido em frente ao cais apenas aguardando meu amor verdadeiro para juntos pegarmos o próximo ferry boat para Navegantes, o nome dela de registro Altamiro Vicente, nome da mulher que escolhi: Carminha, apenas Carminha!