Terror noturno

O gato arranha um novelo de vã enquanto a ansiã filosofia vai assistindo novela. Óculos de grossa lente escorregam pelo nariz em óleo cru. Dona Maria precisa de um banho. Ave, a santa sobre a prateleira quer voar! Mas a poeira é tanta, que não deixa passar áurea pela torneira, vira teia de negra aranha. A viúva tece o pijama para o defunto, nem se dá conta. Acha que o marido adormeceu fora da cama. Pés frios, adiante. Era para ter posto as botas antes de ter batido. O felino torce o rabo para puxar um fio. E ela ronca no sofá.

por: PAOLA FONSECA BENEVIDES