Ela, sem sono
A noite fora difícil, desconfortável, virava-se na cama, uma tentativa frustrada de achar posição que lhe trouxesse aconchego.
Exaurida de tantas tentativas, levantou-se, foi ao banheiro, olhou-se no espelho, esboçou um sorrisso e retornou ao quarto.
Ela, sentia falta de seu amor, na tentativa de tê-lo por perto, lançou mão do livro que o amado escrevera.
Conto dos Contos e Outros Contos.
Leu cada um deles, compassadamente, ao penetrar nos escritos, trazia para si a alma de seu amor maior.
Assim o tempo passou, já marcava o relógio 5:46 da manhã de sábado.
Contava ela as horas, o trilhar dos ponteiros.
Finalmente após intensa leitura, chega a tal fulana ao último conto, o nome do mesmo, Conto dos Contos.
Cada palavra lida lhe toca profundamente, já admirava os escritos do amado, mas com a leitura deste último, sentiu que de fato não enganara-se.
O amor intenso que a tomou, havia realmente razão ou loucura de ser.
Ao findar sua leitura, lágrimas escorriam em sua face, pensou consigo mesma:
_ Quem poderia criar algo tão profundamente tocante?
A resposta já sabia, o menino de olhos castanhos, que amava imensamente!
O sono não veio, então resignou-se, acomodou-se e esperou que o dia emergisse com vigor.
Não via a hora de sair daquele nada fazer e finalmente reencontrar aquele lindo menino, de olhos absurdamente castanhos.
Ao meu menino de olhos castanhos, autor do referido livro, acima citado, Júlio Damásio.