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Malu não beijou mesmo?
Malu tem a espotaneidade natural das criaças de sua idade. E, naquela segunda-feira, terminada a aula, brincava de amarelinha com as amiguinhas, quando ouviu a voz agoniada da mãe: — Malu ... seu pai tá esperando no carro! Vamos logo filha!
Entrando no veículo, sentada no banco traseiro, sorriso maroto no rostinho sapeca, a menina se virou pra mãe, dizendo ...
— Mamã ... sabe o Marcinho? Aquele menininho sardento de óculos redondo, cabelos grandes e castanhos?
— Sim ... lembro sim! Conheci os pais nas reuniões da escola! Mas ... o que houve com ele?
— Na hora do recreio, me pediu um beijo na boca! Acredita, mãe?
— Hummmmmm ... E o que você fez, Malu? (Mãe ... entre supresa e tensa com a revelação)
— Eu disse que 'não' ia dá ... Que não beijava meninos feios!
— Hummmmmmm ... Você é muito esperta, Malu! Sabe se proteger bem, mesmo!
Conhecendo a sagacidade da filha, a mãe suspeitou que a narrativa estava mal contada e não havia sido esclarecida por inteiro. Resolveu ir a fundo, passar a limpo aquela situação ...
— E o que o Marcinho disse, após a negativa do beijo, Malu?
— Ahhh, mãe ... falou que ia namorá a Laurinha ... Aquela menininha chata e muito antipática, de cabelos louros!
— Bom ... então tá tudo resolvido! Né, Malu? Ou teve algo mais?
Passados alguns instantes, algo reflexiva e expressão facial desconfiada, Malu respondeu à mãe:
— Lembra, que a tia Tancinha (professora de Religião) disse que mentir é feio e 'Papai do Céu' castiga?
— Você já tinha contado isso antes, Malu! Por que lembrou, agora?
— Depois da aula, vi o Marcinho com a Laurinha e chamei ele pra dizê um segredo!
— Hummmmmmmm ... (Mãe ... com olhar apreensivo)
— Sabe o que eu disse quando ele ficou sozinho comigo, mãe?
— O que mesmo, filha? (Já bem ansiosa)
— Qu'eu tava brincando, na hora do recreio!
— Como assim, Malu?
— Ahh, mãe ... ele é o menininho mais lindo e fôfo da escola!
— Hummmmmmmmmmmmm ...
O automóvel diminui a velocidade, entrando no portão principal da residência. Enquanto o pai concluia a manobra, a garotinha baixou a cabeça, fugindo ao olhar inquisitivo de sua genitora: — Mãe tô muito apertada ... vô logo fazê xixi! — E, abrindo apressada a porta do carro, correu pra dentro da casa.
— Malu ... Malu... sua danada! Nossa conversa não terminou, ainda! Viu? — A mãe gritou esbaforida, temerosa com a última novidade revelada pela menina.