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Maluzinha: uma negociante muito esperta!
Maluzinha é uma menina precoce, em todos os sentidos. Balbuciou as primeiras palavras perto dos 10 meses (a média das crianças chega a 12). Aos 9, enfileirava sozinha os primeiros passos, com desenvoltura e agilidade.
E, se a evolução motora foi muito rápida, mais espantoso o desenvolvimento cognitivo: sempre a primeira da turma, desde o maternalzinho, deixando professores boquiabertos com lampejos de vivacidade e inteligência. Pouco mais de 04 anos, a guria lia as primeiras historinhas infantis — premiada como a criança mais assídua à biblioteca da escola.
Entretanto... uma situação deixava os pais preocupados. Aos 05 anos, a menina ainda não havia abandonado a 'chupeta'. Somente conseguia dormir, sugando gulosamente o bico da chucha. A boquinha estralava longe, com a 'pepeta' enroscada na língua, possibilitando noites tranquilas e repousantes. Por outro lado, prejudicava a estrutura da sua dentição.
Todas as tentativas para a retirada se mostraram inócuas. Nada de resultados. Durante o dia, tudo bem... a menina até esquecia. À noite somente conseguia dormir com a 'pepeta' na boca. Caso contrário, ninguém mais na casa tinha sossego. A choradeira chegava aos vizinhos e os pais sucumbiam à vontade de Malu.
Uma quinta-feira, mês de maio... bastante apoquentado, o pai provocou conversa definitiva com a menina:
____ O que quer pra dá sua chupeta?
____ Hummm... Uma bicicleta, igual a da prima Lulu!
____ Malu... você teve 01 festão de aniversário, há pouco mais de mês! Ganhou um mundo de presentes! E, ainda quer uma bike nova?
____ Pois, não dô minha pepeta!
____ Ok... você venceu! Pra sossego de todos nesta casa, amanhã trarei sua bike nova!
____ Obaaaa! Eu dô minha pepeta, pai!
No dia seguinte, ao chegar do trabalho, o pai retirou do bagageiro do auto, a bike tão sonhada pela filha — ainda, embalada em papel de presente.
____ Olha, dona Malu! Veja sua bike... igual a da Lulu!
____ Obaaaaaa! Vô andá na minha bike nova!
____ Pois, vá pegá sua chupeta! Quero ela aqui em minhas mãos!
Após trocar de roupa, pacientemente, o pai montou a bike (observado pela ansiosa Malu). Deixou as rodinhas de suporte, com receio da menina cair. Logo... ela percorria a casa inteira, sem parar em momento algum — a felicidade estampada em seus olhinhos infantis.
Algumas horas após, a mãe chamou-a.
____ Filha... brincou muito hoje! Amanhã, terá o dia todo pra passear em sua bike nova! Tá na hora do lanche... depois dormir!
Nos braços, Malu foi levada ao seu quarto. A mãe cobriu-a com edredom, beijando carinhosamente suas bochechas rosadas. Em seguida, apagou a luz-ambiente e acendeu o abajur da cabeceira.
O casal estava aliviado: finalmente... 'ela' deixaria a inoportuna 'pepeta'.
____ Gastamos um bocado... mas, finalmente deu certo! Já joguei fora a 'pepeta'! (o pai)
____ Maluzinha é dura na queda... ganhamos essa guerra! (a mãe... sorrindo)
Foram assistir tv e planejar o fim de semana em família. Mais tarde, a diligente mamãe foi monitorar o sono da menina, sem a famosa chupeta. E, para sua surpresa...
____ Malu... Malu... não trocou sua pepeta pela bike nova? Como tá com essa na boca? (sacudindo a garotinha)
____ Ahh, a bike nova foi por aquela pepeta rosa... tô é com a pepeta azul! Entendeu, mãe? (Malu... bem sonolenta)