Alberto Valença Lima
Era uma vez uma menina chamada Beatriz que morava num big apartamento numa cidadezinha no interior de São Paulo. Era uma criança muito inteligente e carinhosa, mas sua avó, Clara, que vivia longe, na Argentina, não tinha muito contato com ela. A última vez que tinham se visto fora no natal, quando ainda não havia a pandemia que modificou a vida de todas as pessoas no mundo inteiro.
As duas se amavam muito mas já fazia mais de um ano que não se viam. Antes da pandemia, a avó sempre a visitava, pelo menos duas ou três vezes no ano. Mas depois dela, isso se tornou proibido. Não era permitido viajar. E mais difícil ainda, era viajar para outros países.
Falavam-se apenas por telefone. Sempre por chamadas de vídeo pelo whatsapp. E Beatriz, que todos chamavam de Bia, tinha uma irmãzinha chamada Bruna, que tinha apenas três aninhos. Ela já tinha oito. Na última vez que Bruna e Clara se encontraram, ela estava com menos de 2 anos, e não se lembrava muito bem da avó. Nas chamadas de vídeo que faziam, não era a mesma coisa que se encontrarem ao vivo. Não podiam abraçar-se, nem brincar juntas como sempre faziam quando Clara as visitava.
No último natal, Clara enviou pelo Correio um órgão para Bia e uma bicicleta para Bruna. Ela brincava com a bicicleta mas Bia só tocava seu órgão com o pai, pois ele não deixava com medo que ela o quebrasse. Ele aproveitava os finais de semana para ensinar Bia a tocar. Ela só podia tocar quando o pai estava junto, e como ele trabalhava o dia todo, só nos finais de semana ela tinha o prazer de tocar o seu órgão que a vovó lhe presenteou.
Foi quando, um belo dia, recebeu na escola uma tarefa para estudar sobre a vida de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Isso a deixou fascinada! Ela não falava em outra coisa. Era Luiz Gonzaga pra cá, e Luiz Gonzaga pra lá. E agora ela queria um acordeon. Um acordeon para ela. Porque o pai não a deixava tocar o órgão. Então o pai lhe disse:
- Mas você já tem um órgão. Não tem necessidade de um acordeon.
- Papai, o órgão eu toco junto com você. Mas eu quero o acordeon para tocar quando eu quiser, como Luiz Gonzaga fazia.
Ao saber disso, Clara lhe enviou um acordeon, e Bia ficou nas nuvens. Era uma sanfona de oito baixos, que se tornou a coisa mais preciosa do mundo para ela. Foi uma festa!
O pai então, aproveitando o entusiasmo da filha, resolveu contratar um professor particular, para ela aprender a tocar acordeon, sabendo as notas e se aperfeiçoando na música.
Bia começou a tocar o acordeon de forma maravilhosa, e ao crescer, formou uma banda, onde ela tocava acordeon, Bruna era a cantora, o namorado era o zabumbeiro e um amigo tocava o triângulo. A banda começou a fazer muito sucesso e logo gravaram um CD que estourou nas paradas musicais.
E pensar que tudo começou com um órgão que o pai não permitia ela tocar na hora que quisesse...
As duas se amavam muito mas já fazia mais de um ano que não se viam. Antes da pandemia, a avó sempre a visitava, pelo menos duas ou três vezes no ano. Mas depois dela, isso se tornou proibido. Não era permitido viajar. E mais difícil ainda, era viajar para outros países.
Falavam-se apenas por telefone. Sempre por chamadas de vídeo pelo whatsapp. E Beatriz, que todos chamavam de Bia, tinha uma irmãzinha chamada Bruna, que tinha apenas três aninhos. Ela já tinha oito. Na última vez que Bruna e Clara se encontraram, ela estava com menos de 2 anos, e não se lembrava muito bem da avó. Nas chamadas de vídeo que faziam, não era a mesma coisa que se encontrarem ao vivo. Não podiam abraçar-se, nem brincar juntas como sempre faziam quando Clara as visitava.
No último natal, Clara enviou pelo Correio um órgão para Bia e uma bicicleta para Bruna. Ela brincava com a bicicleta mas Bia só tocava seu órgão com o pai, pois ele não deixava com medo que ela o quebrasse. Ele aproveitava os finais de semana para ensinar Bia a tocar. Ela só podia tocar quando o pai estava junto, e como ele trabalhava o dia todo, só nos finais de semana ela tinha o prazer de tocar o seu órgão que a vovó lhe presenteou.
Foi quando, um belo dia, recebeu na escola uma tarefa para estudar sobre a vida de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Isso a deixou fascinada! Ela não falava em outra coisa. Era Luiz Gonzaga pra cá, e Luiz Gonzaga pra lá. E agora ela queria um acordeon. Um acordeon para ela. Porque o pai não a deixava tocar o órgão. Então o pai lhe disse:
- Mas você já tem um órgão. Não tem necessidade de um acordeon.
- Papai, o órgão eu toco junto com você. Mas eu quero o acordeon para tocar quando eu quiser, como Luiz Gonzaga fazia.
Ao saber disso, Clara lhe enviou um acordeon, e Bia ficou nas nuvens. Era uma sanfona de oito baixos, que se tornou a coisa mais preciosa do mundo para ela. Foi uma festa!
O pai então, aproveitando o entusiasmo da filha, resolveu contratar um professor particular, para ela aprender a tocar acordeon, sabendo as notas e se aperfeiçoando na música.
Bia começou a tocar o acordeon de forma maravilhosa, e ao crescer, formou uma banda, onde ela tocava acordeon, Bruna era a cantora, o namorado era o zabumbeiro e um amigo tocava o triângulo. A banda começou a fazer muito sucesso e logo gravaram um CD que estourou nas paradas musicais.
E pensar que tudo começou com um órgão que o pai não permitia ela tocar na hora que quisesse...
São Paulo, 07 de junho de 2021.