O SAPO SÁBIO
 
No lago azul repousa um sábio sapo verde, já idoso, perspicaz, matreiro e sensato, outros sapinhos e pererecas buscam seus conselhos, pois é difícil viver tanto assim, se salvar de tantos perigos, de quatro patas e monstros voadores e chegar àquela idade ileso. Sua história é simples e rotineira, não se expõe ao perigo desnecessariamente, sua silhueta não é estufada, caça para comer, apenas o suficiente, ao avistar aves ou bichos de quatro patas, se esconde e fica mudo, nem um coaxar pequeno ele solta, sua família não pensando como ele, foi sendo devastada. Era um sapo verde, sábio e solitário, mas, não se queixava, já tinha vivido bastante, quando sua hora chegasse ele estaria preparado, tinha certeza que apenas as luzes dos vagalumes se apagariam, o lago iria ficando cada vez menos cristalino, não enxergaria mais com tanta claridade as cores das plantas, nem perceberia o perfume das flores e os sons da planície emudeceriam, apenas isso, um calmo e fadado fim.

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 18 de março de 2015.

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 18/03/2015
Reeditado em 19/03/2015
Código do texto: T5174771
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