O SONHO DE UM QUADRADO
Sou um quadrado, facetado, triste pelos quatro lados. Minha vida é um simples virar e revirar. Tenho um sonho secreto, de um dia poder, rolar, rolar pela feliz, pela rua e se esbarrar em alguma pedrinha, saltar, saltar, mas, não posso, sou um quadrado. Todos os meus dias, são iguais, sem graça, até meu sorriso, é quadrado. Moro numa caixa de madeira com outros quadrados e retângulos, tão sérios, como eu.

Meu dono, é o Albertinho, um nome muito grande, para um menino tão pequeno. Ele, bem que tenta, me alegrar, me pega, me joga para cima e para baixo, me morde, me baba...arrrgggg...me baba, mas, nada me faz feliz, ai, ai, que sina a minha.

Depois de uns dois anos, Albertinho, cresceu um pouco mais, ganhou novos brinquedos, e esqueceu um pouco de mim, só de vez em quando, me juntava aos outros quadrados e retângulos, nos empilhava, nos espalhava pelo chão, parecia se divertir com isso, que bom para ele. Só eu, não ficava feliz.

Um dia, como tantos outros, Albertinho recebeu a visita, de sua priminha Aninha, uma menina doce e de sorriso e farto, ela trouxe consigo, sua boneca preferida, uma belezinha, pretinha, de olhos verdinhos, verdinhos, de nome Linete, e estava com um belo vestido de festa, cheio de laços. O motivo eu não sei, dela resolver abandonar Linete, e investir sua atenção, aos quadrados e retângulos de Albertinho. Ela nos espalhou, nos transformou em casinha, e do nada, tentou me rolar pelo chão, mas, sem sucesso, afinal, sou um quadrado.

Ela então saiu correndo, chamando por seu pai, e lhe pediu alguma coisa, que eu não pude entender. Seu Arthur, pai de Aninha, me pegou, me furou no meio, passou um cordão, por dentro de mim, o que me fez cócegas, não doeu, sou um quadrado de plástico. E agora com um rabinho de corda, me entregou para Aninha, que me pegou e saiu correndo comigo, rolando, rolando, saltando com a cordinha, pela grama do jardim.

Que felicidade, eu, um quadrado triste, realizando, meu maior desejo, rolar, saltar, quanta alegria.
Agora posso dizer, que adoro o Albertinho, companheiro de brincadeiras, mas, aaaaaamo Aninha, minha fada madrinha, particular.

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 07/02/2015
Reeditado em 07/03/2015
Código do texto: T5129232
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.