A botija
Acordou no meio da noite. Mais uma vez o sonho tinha se repetido. Durante dias vinha sonhando com uma bola de ouro, que se encontrava enterrada em determinado local dentro daquela velha casa, herança do seu avô a ele, único neto. Nunca acreditara nessas estórias folclóricas contadas através das gerações, mas aquele sonho que não o deixava em paz, estava começando a incomodá-lo, deixando-o com a pulga atrás da orelha.Certa noite, vencido pelas noites insones que seu pesadelo trazia, decidiu sair até o quintal da casa. Voltou munido de uma velha e enferrujada pá. Fez tudo como mandava o figurino. Seguiu para o local indicado sozinho e em silêncio, não havia comentado a ninguém sobre o seu sonho, embora não acreditasse na lenda, achou por bem permanecer calado. Vai que se transformasse em uma formiga.
Ao iniciar sua escavação no velho porão da casa começou a ter visões. Coçava os olhos para ver se estava sonhando. Ao seu derredor figuras horrendas apareciam, como que com o intuito de fazê-lo falhar em sua missão.Porém, o destemido caçador de tesouros não se deixou abater. Agora seus olhos brilhavam ao contemplar o precioso achado: moedas de prata e ouro, jóias antigas... Eram reais, nada de miragem ou sonho. Tocava com as suas próprias mãos e com a sua mente convenceu-se que o que os antigos contavam era verdadeiro.
No dia seguinte seguiu viagem com toda a família para a capital. Na bagagem o tesouro encontrado e a esperança de dias melhores. No fim de tudo, não se esquecera de mandar rezar algumas missas pela alma do velho avô.
*Conto inspirado nas histórias contadas pelo meu pai. Pena que as almas penadas da velha casa onde moro ainda nao me reservaram nenhuma dessas surpresas.