O BOM LUGAR PARA AUGUSTO.
Antônio Herrero Portilho.
Sentada sobre a campa com os ouvidos atentos aos acontecimentos; ouvia os ocorridos além túmulo, todos os fatos eram relatados com clareza, que seu falecido reportava, diziam e lamentavam que os seus amigos espirituais houvessem o esquecido ali nesta catacumba horrível.
Dona Filó escutava tudo e se compadecia destes sofrimentos, lhe dirigia a palavra com finalidade de confortara-lo.
-Eu sinto muito meu velho Augusto, este acontecimento da noite anterior, vê que isto foi uma constância nesse local; os ratos e baratas estão por aí visitando os restos mortais sepultados há algum tempo, mas acho que agora eles não os incomodaram, estão sobre outras carcaças podres.
Naquele cemitério deserto e abandonado acontecia esse encontro de dona Filó e seu falecido esposo, morte ocorrida a mais ou menos uma década.
Seu Augusto revelava um pouco dos acontecimentos que ocorrera durante este período, que permaneceu sobre as trevas neste ambiente tão lamentável, que fora esquecido por todos operários do mundo espiritual.
Sua esposinha que ainda permanecia nesse lado dos vivos, aguardando os chamado a se apresentar para o mundo dos mortos, ouvia o diálogo com o falecido, percebia seus lamentos, muita frustração por não poder de ajuda-lo em nada, este mundo ao qual seu Augusto se encontrava, dona Filó conhecia as formas de interagir só com as palavras em diálogos, isto devido à experiência adquirida no decorrer de sua vida, aprendizado adquirido de suas gerações passadas, práticas de magias, mandingas, feitiçarias; viajava por mundos espirituais ao qual através de alucinações seu espírito se desligava de seu corpo e o levava para lugares desconhecido da ciência; uma viaje pelo espaço em colônias interplanetário desconhecida de todo estudos científicos.
Dona Filó estava ciente que ele não podia se escapar desses grilhões que o aprisionava nessa tumba escura e gélida, mas em segredo já sabia que este sofrimento acabaria em breve, ganhará uma recompensa satisfatória pelo sacrifício vencido nessa etapa da situação de morto, sairá da condição de defunto para alçar voo para um paraíso encantador cheio de promessas divinas, seu Augusto será recompensado e ganhará das mãos de seu deus a recompensa merecida nesse estágio que há de vir superado seria premiado com um troféu; ultrapassando e ganhando o direito de aliviar se destes tormentos sombrios sobre esse cárcere; túmulo escuro e úmido.
A tarde já ia se desfazendo, dentro de algumas duas horas a noite se aproximava, aquela senhora teria que deixar este ambiente mórbido cheio de aspecto assombroso, local que se lembra os mortos, sepultamentos e féretros, com poucas palavras despediu de seu velho Augusto, já sabia que este seria seu último diálogo, não haveria outra oportunidade se inteirar com os acontecimentos além túmulos.
Em dado momento tudo se silenciou, dona Filó perdeu o contato com seu falecido esposo, ciente que não o ouviria mais tratou de arrumar suas coisas que trazia em sua espécie de sacola, com as alças longas pendurava ao pescoço e ombro; cruzava tórax passando entre meio os seios:- (embornal); que sempre a levaria em suas caminhadas e orações contemplativas; nas matas virgens, cachoeiras e florestas, com a mão dentro deste picuá, retirou algumas velas e algo que fazia fogo, e em momento de oração acendeu as e se retirou do campo santo, buscando um portão que havia por ali naquele muro velho quase se desmoronando, mas ainda cercava essas catacumbas neste cemitério.
Aos poucos ela foi se afastando e seu Augusto ouviu os passos se desaparecer de suas percepções de morto, e por alguns momentos tudo ficou calmo e cheio de paz.
Ele percebia e sentia tudo que acontecia no lado de fora de sua campa, nada passava despercebido, naquela manhã percebeu que alguns pedreiros estiveram trabalhando ali ao lado, parece que preparava o ambiente para um novo vizinho, destruíram a cabeceira deste túmulo do lado esquerdo em que os moços e as moças acostumavam fazer banquete de góticos, com bebedeiras e uso de entorpecentes a noite inteira, deixavam ali enormes quantidades de garrafas de bebidas e seringas descartáveis, e as cerimônias acontecia sempre neste tumulo de propriedade de uma senhora que residia na aquela cidade próxima, ao referido campo santo, este mausoléu pertencia a família de uma senhora espécie de dama da aquela sociedade; “Irene” casada pela segunda vez com o tão influente personagem da aquela cidade senhor Fred; um dos milionários mais poderosos da aquela região.
Fred; ou como diziam seus grandes admiradores: Missionário Fred Morris e sua esposa dona Irene, ambos líderes religiosos que tinha seu endereço oficial em uma suntuosa mansão em uma grande cidade a alguns vinte e cinco quilômetros distante da aquela cidadezinha, vivia ali para se distanciar do assédio de seus seguidores que o procuravam com insistência, apesar de serem negados esses pedidos de ajudas, esses fanáticos, além de pagar seus dízimos e ofertas, continuavam frequentando esses templos de estelionatários charlatões que se apoderam do estratos do suor dos pobres.
O túmulo vizinho de seu Augusto, que já alguns anos já sofria com as perturbações de encontros amorosos e festejos de jovens, que procuraria o velho cemitério para suas curtições noturnas, Infelizmente quem deveria dar exemplo são os mesmos que cometem as falhas de delinquentes, o filho de dona Irene seria o líder desta gangue de mal feitores que procurava este ambiente para praticar seus delitos em diversões noturnas; mãe e pai religiosos e o filho viciado, ligado a seitas ocultistas de celebrações macabras.
Seu Augusto aos poucos foi percebendo que algo está acontecendo ao lado de fora, tentava descobrir o que estava ocorrendo, mas ainda não havia descoberto nada, isto lhe deixava cada vez mais intrigado na condição de morto, estava para acontecer algo muito surpreendente, em questão de poucos momentos tudo viria à tona.
Em um momento em que já parecia tudo calmo eis que vem a tona o tão esperado, ele ouve um bater de asas muito forte, as asas movimentavam com rápidos movimentos, ele pensava, na condição de serem algumas aves da noite voando ali próximo, mas, àquela hora não era o hábito de aparecer esses pássaros noturno, ainda estava cedo, faltava umas três horas para iniciar a noite; corria a metade da tarde.
Em um dado momento percebeu que estava caindo do céu uma chuva de rosas, e o barulho de bater asas não passaria da presença de anjos que se aproximava deste local, só suas percepções de além túmulo poderia notar isto, este privilégio não estava ao alcance dos vivos e seu Augusto já sabia o significaria isso, só poderia ser alguma atitude dos anjinhos: Carneirinho e Bodinho, anjos da morte; os dois ao qual foi incumbido de fazer o chamado enviado lá do céu, agora estavam para completar a tarefa que viera cumprir aqui na terra, seu último trabalho foi passar um corretivo a aquela senhora que tanto odiava os animais, sempre os matavam com instinto de crueldade, esta senhora sempre foi muito perversa aos indefesos animaizinhos, apesar de se dizer pessoa ligada a religiosidade, mas em nada se parecia, naquela manhã o anjinho Bodinho foi indicado para prestar aquele serviço, Carneirinho o deixou à vontade para usar de suas táticas para corrigir estas pessoas má, os latidos do cachorro acordou dona Irene, e seu temperamento cruel veio à tona, e tomou a decisão de exterminar o animal devido ele ter despertado seu sono.
No momento que ela foi oferecer o veneno letal ao cão que guardava sua residência, foi atacada e receberam vários golpes de mordida deste cão bondoso e inocente, isto com a ajuda do anjinho bodinho que instigava o cão com insistência para feri-la, ela não chegou a desfalecer, mais ficou um pouco deformada, teria que sofrer um pouco, isto aconteceu a alguns anos passados.
Só agora a dona Irene está adentrando ao mundo dos mortos e este túmulo vizinho do lado recebera não só um novo vizinho, mas dois vizinhos, pois seu esposo também faleceu, em um acidente ocorrido em uma movimentada e perigosa rodovia juntamente com ela em uma viagem de regresso em que retornava de um grande evento religioso, o dois anjinhos estavam ali na tumba de seu Augusto para presenciar a cena do funeral e quando terminaria iria tomar frente ao caso de seu Augusto, pois estará se livrando deste escuro túmulo em completo alívio.
Nunca este cemitério esteve tão tumultuado como agora, é que já aglomeravam nas proximidades uma multidão de fiéis seguidores desses dois líderes religiosos: senhor Fred e Senhora dona Irene, casal que se dedicava a levar a palavra de Deus aos seus fiéis irmãos, se diziam homens de Deus e Profetas, ungidos que curavam e libertavam de todos os males, isso é o que eles diziam.
Dona Irene apesar de ajudar nos discursos bíblicos também exercia a arte de cantar, se dizia cantora gospel e já havia vendido milhares de cópias de áudios de disco em vinil que lhe rendera uma fortuna considerável, nunca contribuiu com nenhuma entidade filantrópica, nunca dedicou nenhum de seus eventos a nenhuma causa de calamidade pública, ou seja, enchentes, desabamento de residências; hospitais de câncer e outras necessidades em momento inesperado, sempre fizeram uso de seus milhões para custear suas riquezas e mordomias, apesar de muitas pessoas humildes a procurá-la ela os tratavam com indiferença, adquiriu fortunas explorando a fé dos fanáticos, para depois tratá-los com desprezo e repulsa como algo insignificante.
Os dois Anjinhos; Bodinho e Carneirinho não atestavam estas qualidades deste casal, não os isentavam dos atos desonestos que praticavam no exercício de suas funções de pregadores, hipócritas!
Havia muitas sujeiras escondidas nestas condições de missionários, mas agora tudo será esclarecido perante a lei do grande criador, as punições serão severas a estes comerciantes da fé, eles já estão com suas sentenças escrita, e a penalidade será horrenda, se arrependerá de todos os tostões que cobrou com seu modo fajuto de persuadir em nome de Jesus, agora verá que não valeu apena acumular fortunas e bens materiais, com arrecadações em grandes somas, dizendo que construiriam grandes templos e daria confortos aos fiéis em bancos estofados, exageravam em seus discursos com a vós em alto volumes os a fim de ludibriara-los com mentiras.
Os Anjinhos convidaram seu Augusto para que saísse de seus despojos e viesse cá para fora e presenciasse o momento solene de sepultamento destes dois mais recentes defuntos.
Ficaram os três: seu Augusto e Carneirinho e Bodinho, acomodados em situação invisível, em um lugar mais alto, para observar em visão panorâmica.
Logo o veículo que transportavam os corpos estacionou naquela via as portas do cemitério, retiraram dos compartimentos da viatura fúnebre, os dois caixões enormes e pesados pois a carga de pecados estava insuportável, as pessoas que se prontificaram em conduzirem com suas próprias forças, aquelas urnas funerárias não estavam aguentando o peso dos defuntos.
Os três seres espirituais que assistiam o cortejo já percebiam a aproximação da cova e em seguida aconteceu o sepultamento dos corpos.
Houve muitas pregações e discursos enaltecendo esses malditos personagens falecidos que se diziam ungidos por deus, colocavam os em um pedestal ao qual eles não mereciam aproveitando dos corações contritos.
Senhor Fred e a senhora Irene não estão mais relacionados como pessoas existente neste planeta, estão acrescentados a lista de mortos no cartório de óbitos.
Carneirinho e Bodinho os dois Anjinho mensageiro da morte se juntavam a companhia de seu Augusto, e só restava cumprir uma tarefa para a situação de seu Augusto, dar o destino certo, e isto já estava para acontecer, e seu Augusto seria introduzido a outra esfera planetária, muitos anos luz distantes deste lugar, e isto acontecia em um estalar de dedos e logo o velho Augusto estará no paraíso celeste merecido, recompensa de seus sofrimentos e agruras.
Os dois Anjinhos seguraram as mãos de seu Augusto, pediu que fechassem os olhos espirituais e contaram até três, em um passo de mágica, eles apareceram lá no outro mundo ao qual estava destinado ao seu Augusto.
Quando seu Augusto abriu os olhos deparou com uma maravilha de cenário, tudo era muito encantador, seu Augusto ficou deslumbrado com este lugar esplendoroso, tudo era maravilha em demasia...
15 Março de 2010
Antônio Herrero Portilho