COLETÂNEA DE MICROCONTOS (gótico)
I - CLAUSTRO
Sufocada pelo abandono, Lucia se tornou a mulher invisível. Sorrateira, trágica, até mesmo teatral. Silvanio lhe usava, como que sovando massa sobre uma pia de mármore e, ela ainda assim regozijava.
II - DOCE SEPULCRO
Luna fervia por dentro, seu amor tóxico por Joel, era no mínimo absurdo. Não percebia a frieza dele, só ter a chance de vê-lo, dava sentido aos seus dias. Para ele era fácil tê-la sempre à mão, sua útil doce prisioneira.
III - LUZ SEM LUME
Verdana, era uma moça que não fazia sombra, ao contrário, era apenas luz, iluminando o palco da vida para Antonio, que como uma mariposa, se fartava. Ela era tal e qual um roadie, um amor marginal, que não deixava a luz dele se apagar.
IV - ALÉIA MARMORIZADA
Roberta se sentia como uma aléia de cemitério, cercada de silêncios frios. Quando perdeu Dilson para o abismo das drogas, percebeu o quão tóxica fora aquela relação. Mesmo agora, depois de dois anos sem ele, a saudade mórbida ainda a faz chorar.
V - ESCADA PARA O SEM FIM
Laurita, dentro d'alma subia infinitos degraus, como que tentando alcançar, ao menos uma migalha de amor de Francisco, mas, em vão. A subida só a extenuava, minava os seus desejos, mas ela insistia, o sofrer era seu combustível e energético.