O ANEL
Loucura, era eu vandalizando a sua sepultura, buscando o meu anel. Símbolo pardo daquele amor de mão única, que variava de frieza ao tênue mormaço. Ô vida sem suspiro, só rápido arroubo ou letargia. Luz de led que ilumina, mas, não aquece. Só Deus compreende o que se passa dentro de mim e, com certeza não aprova. Min'alma não tem salvação, sou apaixonada, desvairada e obtusa. O amor que sinto é torto, carro em ponto morto, derrapando na coerência.
Você um dia me deu um anel de prata, numa briga besta lhe devolvi e, você colocou no cordão em seu pescoço. Tive a chance naquela hora, de terminar aquele tormentoso namoro, onde só havia amor do meu lado, só que sem a sua desatenção, eu não sei existir.
Você sempre dirigiu como um bólido, inconsequente, se dizia imortal, mas...apareceu uma pedra no meio da pista e agora, sete palmos abaixo, sete dias depois, eu vim resgatar o anel. Para quê ou porquê eu nem sei, só preciso.
Noite fria, solo úmido e cavar não foi tão difícil, abrir o caixão deu mais trabalho, ver seus restos carcomidos me chocou, então, rapidamente resgatei o que fui buscar e fugi.
Numa viela na madrugada, com fogo numa lata de cerveja, o maldito anel derreti. Selei uma página da minha vida, nem sei pra quê, eu já morri.