BRANCO ESCURO (miniconto)

images?q=tbn:ANd9GcR9NHBFXYX5aWWUZmDntpl32anqujrfKNEQU7gY0a3_OVC65EsN

Noite alta, festa rolando solta, sorrisos embriagados e uma névoa de fumaça adocicada. Muito pó branco sobre a mesa em fileiras inebriantes. Tanta gente estranha, nem sei porque fui parar ali. Até sei na verdade, o sombrio me atrai e uma festa montada no maior mausoléu da América Latina, atiçou meu lado branco escuro. Não imaginava que entre túmulos e mármores repletos de fantasmas, encontraria tanta paz. Parece estranho, mas, aquela gente esquisita, branco/etéreos de negro vestidas, faziam com que me sentisse no meu habitat. Conversas desencontradas, vozes arrastadas, soturnas, textos vazios, nenhum motivo para se pensar. O ambiente em nada combina com meu alvo vestido longo, louca eu, nem lembro o motivo de escolher aquela roupa, apenas abri o armário, vesti e saí. Minhas olheiras escuras são a maquiagem perfeita, minha máscara. Tão eficiente que me sinto invisível. No meio de negras vestes, meu branco escuro passa despercebido, meu inócuo e inóspito ser, não ocupa espaço, não preenche lacuna, não faz perguntas nem profere respostas, situação para mim ideal, pois simplesmente não existo.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 16/12/2017
Reeditado em 16/12/2017
Código do texto: T6200754
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.