Primórdios de um psicótico
O frio estava intenso, sentia o vento tocar meu rosto delicadamente.
Meus passos eram apressados, já era tarde e eu sabia que não seria nada bom chegar atrasado mais uma vez.
Quando adentrei a sala de aula, todos os olhares vieram em minha direção, como já era de costume. Já podia ouvir risadas que sempre eram causadas por minha presença. Fui até o fundo da sala e me sentei, eu podia sentir como todos conspiravam e abominavam minhas atitudes por mais comuns que fossem.
Isso era algo que realmente me incomodava, eu não estava mais agüentando toda essa pressão, todo este escárnio que era desferido contra mim.
Minha cabeça estava prestes a explodir, não suportava mais os gritos de minha consciência que exigia uma reação, por mais insana que pudesse ser.
O bulhar das vozes invadia minha mente como navalha, o ódio estava a impulsionar minhas ações, meu corpo se contorcia na carteira.
O desespero fazia com que eu pressionasse os dedos contra minha própria face.
Tomei a decisão de me levantar e correr sem rumo, só queria estar longe dali, afinal, naquele momento não poderia haver pior lugar no mundo. Quando me levantei, ouvi uma voz soberana.
- O que faz aqui?
Era a moça da limpeza se dirigindo a mim.
Tudo passou, o silêncio tomava conta da sala, do mundo, e da minha mente. Olhei à minha volta, não havia ninguém, eu estava sozinho.
De repente, ouço o soar do sinal, todos entram na sala, a aula iria começar.