O SACO DE PANDORA

O que será, que será, que carrega aquele saco mágico, quantos kilos suporta este invólucro enigmático, será que tem fundo, ou no fundo no fundo, não passa de truque performático?

Pois julgamos saber que carregue tanto: pertences e achados, presentes e passados, tranqueiras e trocados que não valeriam hoje nem poucos cruzados.

Mas este material fino e finito guarda também uma casa, itinerante e incerta, é um saco de dormir, mas também é uma coberta. É um teto, é uma parede, privacidade escancarada, é uma realidade aberta.

Em outros dias, cobre também chuvas e geadas, angústias mal tratadas, e feridas que não podem cicatrizar. O saco de Pandora cobre os olhos de quem não olha, e nem quer olhar.

O saco suporta, portanto, tanto, toda uma vida, uma permissão apenas contida de ser um mistério divino e sem saída.

E quando a vida se encerra, é o saco também que cobre o corpo que enterra. É o saco que junto com o corpo, volta à terra.

E que se não ressuscite em três dias, fique registrado, que este saco poderia ter sido uma de suas poucas alegrias.

Torna-se por fim amante, sem mais contra-tempos, em um abraço eterno e sereno, daqui até o fim dos tempos.

Josadarck
Enviado por Josadarck em 25/12/2024
Código do texto: T8226983
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