NATAL SEM PRESENTE
Foi assim que deu no jornal: foi demitido "fulano de tal", sem aviso prévio, nem benefício, justo no dia que antecede o Natal. Sem propriedades, nem capital, juntou tudo em mala e cuia, e foi direto pro olho da rua, no sentido que é literal.
Com a roupa do corpo, de meia, e apenas um saco vermelho, buscava pedir por dinheiro, que a barriga roncava por ceia. Mas quem passava ali satisfeito, desejando mil felicidades, pela tela de seus celulares, desviavam o olhar do sujeito.
Ao dormir, ainda muito pior, pois as luzes de um grande outdoor, iluminavam potente a cidade. Exibia, gigante, a imagem daquele próprio senhor de idade, que agora já sem vaidade, maldizia tamanha voltagem.
Quando finalmente de olhos fechados, de repente, aquele velho coitado, foi rudemente acordado pelos chutes de uma botina de couro. Dormia sem saber bem ao lado, de um sereno caramelo dourado, e de um edifício de ouro.
No dia seguinte, na televisão, um inesperado acontecimento causou imensa perturbação: debaixo das árvores belamente decoradas não havia nada, senão uma grande decepção.
Naquela noite, de fato, nenhuma criança ganhou presente, já que o Papai Noel, sem pensão e sem dente, passou a noite de Natal na prisão.