Zé da Nota - O Místico Neófito Pobre - Capítulo I - Um Sonho Estranho
Nada era fácil na vida do Zé, ele vivia de catar latinhas para ajudar em casa, onde morava com a mãe Maria, adoentada da coluna, e mais dois irmãos Natália e João que ainda eram crianças, as quais estudavam a muito custo.
No começo da semana, Zé acordou meio cabreiro com um sonho que teve do qual não se lembrava. Ele sentou-se na cama ficando a pensar: "por que não consigo me lembrar do sonho?".
Passados alguns minutos desistiu indo no quarto dos irmãos junto com a mãe, ver como estavam. Eles podia-se notar que não acordariam por esses minutos. Dava para ouvi-los ressonando.
Quando ia saindo para cozinha, Zé percebeu que a mãe tinha acordado.
- Psiu! Psiu! - chamou Maria a Zé
Andando até ela, Zé pegou na mão. Viu que queria lhe passar uma mensagem.
- Filho. Tive um sonho contigo. De que faria uma viagem para outro estado. - Maria mostrava profunda emoção
- Eu tive um sonho estranho, mãe. Mas não consigo me lembrar, só sei que era importante. - notava-se que Zé tinha uma preocupação em seu semblante - Vou colocar o cuscuz no fogo, depois de pronto, irei catar latinhas
Ao vê-lo sempre entusiasmado, Maria algumas vezes esquecia da sua condição quase que paraplégica.
Na cozinha, Zé colocou a fubá no cuscuzeiro, ligou o fogo. Depois foi molhar as plantas, a maioria, plantas medicinais. Pegava um regador improvisado e exercia a tarefa, quando concluiu, sentiu o cheiro do cuscuz, guardou o regador improvisado, entrou na cozinha, apagando o fogo.
Sua mãe Maria, com muita dificuldade, devido o problema de coluna, entrou na cozinha.
- Oi filho. Vá chamar seus irmãos para escovar os dentes. Deixe que eu faço os pratos.
Saindo para fazer o que a mãe pediu, Zé logo notou que a mãe aparentava uma melhora.
Por ser uma casa pequena, não tinha mais do que um cômodo da cozinha para o quarto. Lá Zé chegou batendo palmas.
Os irmãos, Natália e João, acordaram, levantaram e foram escovar os dentes na pia do lado de fora da casa.
Zé se despediu deles após tomar o café, indo para a lida de catador de latinhas, já os irmãos foram para a escola.
Mas faltava ainda uma coisa, que fez Zé retornar a casa. Ele queria saber se a mãe acreditava mesmo no sonho que ela teve.
Os pratos estavam lavados, cada um lavava o seu, Zé lavava o dele e o da mãe. Era uma tarefa que o deixava feliz, pois amava sua genitora.
Do sonho, Maria repetiu que se lembrava apenas da viagem. Com essa resposta, Zé não quis pressionar mais. Deu-lhe um beijo no rosto indo para a lida.