A FOFOQUEIRA QUE VIVE OLHANDO A TAVARES CAVALCANTE
A mulher vivia o dia todo olhando a rua, e quando não olhava do alpendre do terraço, era pelas frestas da janela.
A velha senhora tinha um amante, um homem casado que era taxista, que não conseguia namorar porque a mulher vivia olhando para a rua Tavares Cavalcante e adjacências.
Se sentia a proprietária da igreja matriz, e vivia fazendo comentários da vida alheia, e quem mais percebia era o morador do 317; um homem bom, que vivia com a irmã, eles eram muito educados, de família tradicional da cidade, e o homem mito inteligente e bonito, sempre foi alvo das más línguas, pois, as Las Costas, que vivia na rua com invencionices, criaram mentiras sobre o homem de meia-idade, e a fofoca caiu na boca do povo e da Maria do Carmo, essa era a serpente que rezava o credo ao contrario.
De repente, a mulher sumiu, desapareceu do alpendre do terraço, foi um fiasco: “Por onde andava Maria do Carmo.”
De tanto ela falar da vida alheia, esqueceu-se de seus filhos, principalmente do chamado 'parasita' que vivia sem fazer nada, só dentro de casa, olhando a vida a passar.
Quando Maria do Socorro que vivia na panificadora pão nosso, contou o que houve, ninguém acreditou: “ Mordeu a língua que estava podre.”
- E, a tua? – Perguntou Dolores - Sua ratazana de sacristia. Sempre fez fofoca de Santo Antonia até aqui, deixe a vida dos outros para lá, cuida da tua. Maria do Carmo era fofoqueira como muitas da rua, e você.