Passeio no bosque

Um passeio no bosque

Olhei para Ele pela fresta de madeirinhas que nos separavam, eu uma freira com a consciência pesada, e ele o Padre que eu precisava confessar, mas é Ele o fruto do meu pecado. Aí Senhor Daí me forças, preciso tira-lo dos meus pensamentos. Sou uma freira e ele um Padre.

Como começar a minha confissão? Ai Senhor, Daí-me forças! O homem esta atrás deste cubículo de madeira, e é a ele que preciso me confessar.

Pronto Falei:

— Padre, eu lhe vi nu!

Meu Deus, agora que caio mortinha aqui neste banquinho de madeira. Que insana eu! Como que tive coragem de sair bisbilhotar a porta alheia.

Silêncio, Emudeci o homem.

— Padre, peço perdão, eu fui uma insana, sei que me viu também por lá, mas és tu o padre, e preciso me livrar disto, pois meus olhos o observaram na intimidade...

Padre Fábio ficou um período em um ensurdecedor silêncio, Amélia começou a ficar aflita, batia as pernas de modo descontrolado, o que ela falou exigiu dela muita coragem, estava até passando mal, se tivesse uma câmera, tal qual a de cinema a observando, veria que ela estava totalmente vermelha de vergonha, o seu coração palpitava e parecia sair pela boca, precisava urgentemente saber a reação daquele homem. Que é um padre.

O silêncio persistiu.

Ela já estava a ponto de ficar louca sentada naquele banquinho.

E continuou.

— Padre, por tudo que há de mais sagrado perdão! perdão! Perdão! Tú es um sacerdote de Deus, não deveria fazer o que eu fiz!

A janelinha do confessionário era uma fresta trançada de madeira, que deixava o confessionado distante do Padre, somente o ar, era sentido alí, Amélia baixava a cabeça e voltava olhar, ele estava do outro lado, ela podia sentir o ar da respiração do padre, A janelinha se abriu e para a surpresa da Amélia o Padre surgiu nela.

Ela estava totalmente corada, envergonhada.

— Vamos dar uma volta, disse o padre, já terminamos por aqui.

— Uma volta? Como assim? Pensou Amélia, eu caio mortinha! Meu Deus o que é isto? Será que ele não escutou? Uma volta?

— Uma volta?

— Sim amada irmã Amélia uma volta.

Aí meu Deus, como que agora eu percebo cada detalhe deste homem como se tivesse uma lente de aumento. Eu olhei os olhos dele, pareciam me penetrar, as pupilas pulsavam, aquela barba por fazer, aquela boca parecia molhada com um pouco de saliva, Aí Jesus, aquele perfume que parecia uma loção de barbear barata, aquele cabelo levemente despenteado, e aquela bata de Padre, que me fazia a sentir que meu olhar era um total pecado.

Ele sorriu.

Eu repeti. — O Senhor não ouviu direito? E ele falou, ouvi muito bem, e vi também, vamos passear no bosque e conversar.

Sai meio que tropicando daquele confessionário. Ele veio e assentiu de eu engatar nos braços dele, me deu um dejavu aquele momento.

Ele olhou e sorriu novamente, tentava decifrar aquele sorriso, procurar algo que fizesse entender do que se tratava, estava totalmente perdida, envolta aos pensamentos de culpa, envoltas aos braços daquele padre viril, estava tropicando em vida ali.

Andamos num total silêncio, algumas freiras de longe olharam a cena assentiram e continuamos a nossa marcha, olhava fixamente para frente, nem as pedrinhas olhava no caminho, não poderia nem morta olhar para o lado, meu olhar me acusaria, estava totalmente transtornada.

— Padre eu precisava confessar o meu pecado, precisava que fosse no confessionário.

O Padre ficou em silêncio, eu queria ler os pensamentos dele e entender do que ele tanto pensava, olhei rapidamente para o lado, ele andava de modo concentrado e esboçava um pequeno sorriso.

Chegamos no bosque perto do lago, nós dois estávamos indo para exatamente o mesmo lugar onde outro momento passeamos e paramos. Já estava um pouco preocupada com a minha reputação, no primeiro momento era para mostrar o convento a ele, mas agora? O que seria? Um passear com um belo padre no Domingo?

— Sabe irmã, Amélia, eu já viajei para a América do Sul, mais precisamente ao Brasil.

— Ao Brasil?

Conhecia um pouco a história daquele país, era uma terra onde os fugitivos da guerra estavam indo, e onde tinha muito índio.

E continuou:

— Fui para aquele país a pedido da igreja, uma tribo estava sendo dizimada, por uma doença estranha, era bem isolada a tribo, fui como um Padre, mas também fui como um médico.

Aquele papo dele me fez esquecer por completo o meu constrangimento, fiquei atenta, e agora parecia—me uma pessoa comum ele. Parei de ficar observando os poros do queixo com aquela barba por fazer, ou mesmo os braços dele quando se movimentava para atacar alguma pedrinha naquele lago, e comecei a ficar atenta a estória dele.

Para entrar na tribo, tive que me vestir a caráter, ou seja, andava praticamente nu!

— Como assim praticamente nu? Tá maluco padre! o Senhor é um padre! — Calma não era exatamente nu tinha umas peninhas aqui ó, e fez um gesto, e mostrou onde era as penas, eu voltei a corar. Fiquei bem envergonhada, pois já tinha visto aquele lugar onde ele estava acenando...

— Antes de ser um padre, eu sou também um médico irmã, precisava salvar pessoas, e vi muitas coisas horrendas lá, a nudez era o menor dos meus problemas.

Naquele lugar existia cultos pagãos onde matavam criancinhas que nasciam com desconformidades, e aquela matança estava gerando na aldeia uma doença de uma bactéria que estava contaminando a terra que eles cultivavam.

— Ficar peladão, disse dando risada, era o menor dos meus problemas!

Precisava salvar vidas, tanto espiritualmente, quanto, no quesito saúde.

Se você fosse uma médica, e precisasse adentrar, em um lugar destes, ficaria nua? Acho que se necessário ficaria, pois a nudez é algo natural a alguém que cuida de pessoas. A diferença que a nudez para nós brancos é sempre associada a sexualidade, isto vem dês do Éden depois que adão comeu aquela maça.

Por que ele disse isto, logo lembrava novamente das gravuras de adão que as irmãs andavam pelos cantos mostrando uma a outra.

Se você olhou de relance a minha nudez, irmã, fez tal qual aquelas indias que me viam e eu via elas.

Eu não tinha malícia no coração, precisava salvar aquela aldeia.

Amélia perguntou:

— E assim o fez?

— Sim irmã, assim fiz, aquela aldeia deixou os seus costumes, eu fiz uma higienização no local, demonstrei que a colheita não pode ser próxima de locais onde são usada para cemitérios, o leito do rio estava contaminado, enfim, deixei a aldeia, com uma igreja implantada. E vim com estes costumes esquisitos, de andar nu quando me exercito no quarto, ou quando saio do banho, é um costume, estava no meu local de descanso.

Ele olhou de novo para ela, parecia ter tirado um peso enorme daquela moça.

— Você estava fazendo o quê lá? Na porta do meu quarto? Perguntou ele sorrindo, repetindo se houvesse uma câmera, demonstraria que ele olhava-a de um modo ambíguo. Que fez Amélia ficar novamente envergonhada. — Eu vi uma porta aberta, e quis fechar somente...

Olhares, mesmo que a boca diz A o olhar diz B ela voltou a olhar ele, e abaixou o semblante...

O padre ficou em silêncio, e voltou a falar logo em seguida.

Estamos entendidos? Esta história minha é particular, como esta história sua é particular, continuamos a nossa vida irmã. Ela respondeu: — Claro, a propósito meus afazeres me chamam. E saiu correndo.

O padre sentado na frente do lago, pega mais uma pedrinha e joga tentando fazer pular três vezes, promete a ele mesmo que não vai olhar para trás, vai esperar ela ir embora, não consegue, olha para trás ela para a corrida abrupta e olha mais uma vez, para trás uma ultima vez. Se ajoelha e reza, precisava rezar....

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Este texto possui 1300 palavras, esta no formato conto de Amor, e faz parte do meu livro.

Waldryano
Enviado por Waldryano em 03/07/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6687525
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