GÓIS E OS FALSOS RUBIS (alguns recantistas vão se achar por aqui)

 

Góis era do tipo Indiana Jones, aventureiro, desbravador, mas, ruínas e antiguidades não eram o seu foco, suas paixões tinham tons vermelhos brilhantes, os rubis. Já se metera em algumas encrencas, por causa deles. Garimpar aquelas belezuras de pedras pelo mundo, descobrir as mais belas, as de maior pureza e transparência, lapidá-las, nossa! Como isso lhe provocava prazer.

 

 

 

Só que uma vez caíra numa esparrela, tudo por causa do colo alvo precioso, onde elas repousavam...colo de uma mulher linda, exuberante e com um olhar cinza claro, d'uma transparência incrível, Góis ficou fascinado. Precisava daqueles rubis e, confessava para si mesmo, que também desejava conhecer melhor aquela mulher, que depois de tantos anos, conseguira dividir o foco da sua paixão de vida.

 

 

 

Estava Góis numa das suas empreitadas pelo Sri Lanka, quando se deparou com aquela figura angelical de olhos cinza claro e, um colar de rubis tão brilhantes, que poderiam ofuscar o Sol, óbvio que a descrição se tornou poética e apaixonada, por causa do conjunto, rubis e mulher, a moça sem saber encantou o aventureiro Góis. 

 

A moça devia ser importante e, com certeza estrangeira, não era uma local, um segurança, que tentava passar despercebido, a seguia de perto, bem como uma possível criada, pois estava sempre dois passos à esquerda dela.

 

O exuberante espécime feminino, trajava uma bata branca longa, bordada também em branco, tinha cobrindo parte dos cabelos negros, um lenço branco, rajado de vermelho, sandálias rasteiras de couro claro trançado, combinando com a bolsa, que tinha um formato singular, provavelmente exclusiva e, o colo alvo abrigava o colar de rubis, nenhum outro ornamento, Góis achou o conjunto todo, elegantérrimo, puro bom gosto. Ah! Como desejava aqueles rubis impressionantes. 

 

Góis era rico por herança, não visava mais dinheiro, só colecionava rubis raros, mas, a deusa que encontrou no Sri Lanka, portava no colo rubis, de um brilho que ele ainda não havia visto. Seguiu a mulher de longe, durante o seu passeio, até que percebendo o olhar desconfiado do segurança, achou melhor se afastar, antes que criasse alguma situação desconfortável e, para a qual não haveria uma explicação plausível. Mas, ao entrar numa casa luxuosa, a mulher do colar, virou o rosto na direção dele e sorriu, entrando em seguida. Góis sentiu o sorriso dentro do coração e, paralisou como se a Medusa, tivesse transformado em pedra, a sua desleixada figura, o que é que é isso gente! Góis nem se reconhecia rsss...

 

Estava hospedado num hotel simples, não gostava de atrair atenção pra si mesmo, passava tranquilamente por um turista, com aparência de arqueólogo, um Indiana Jones, alourado e sempre vestido de tons de areia molhada, mas, os olhos verdes como grama jovem, eram o seu diferencial. Era um tipo interessante, por assim dizer. Molhando as mãos de pessoas lá e acolá, com umas cédulas americanas, descobriu que a mulher dos rubis, se chamava Juli Lynn, como ele, era dos Estados Unidos, passando férias na mansão alugada, era viúva e sem filhos. Agora, Góis não sentia mais que ela fosse uma estranha, mas, os rubis deveriam ser de Miamar ou da Índia, raros com certeza. Pobre Góis, as gotas de cristal magistralmente trabalhados, continham gelatina vermelha, mas, de longe enganavam, até um olhar de mestre. A mulher de branco era uma cascuda e rica ladra, bastante habilidosa, que já seguia Góis há dois anos, sempre disfarçada, com lentes de contato, perucas ou apliques e próteses móveis nos dentes, que alteravam o sorriso, tadinho do aventureiro Góis, estava prestes a ser depenado. O segurança de Juli Lynn, na verdade era seu comparsa Olav Sonet e, a criada Verdana Belle Sonet, irmã dele, boa no preparo de bebidas entorpecentes e venenos...ótimos atores, muito úteis e fiéis.

 

Local: Mirissa -  Praia Secret Beach

Horário - 10h00

Coco degustação - pratos salgados e doces

Evento gratuito / Patrocinado

 

...era assim que o folheto anunciava e, Góis que amava coco, ficou interessado e se programou para o dia seguinte, mal sabia ele, como o folheto aparecera do nada, no banco de pedra onde estava sentado, muita gente passeava na praça naquele momento. A môsca alourada e aventureira, estava prestes a cair na teia da mulher dos rubis de gelatina vermelha. 

 

Praia linda meio retiro, clima gostoso, gente....não...não tinha ninguém exceto a mulher dos rubis...sem o colar, apenas pele e tinta dourada nos seios e, uma saia longa e esvoaçante, absurdamente transparente. Parecendo mágica, surgem taças de espumante, através das mãos da 'criada' Verdana Belle Sonet. Juli Lynn, apenas faz um sinal com o dedo indicador, como que pedindo à Góis, que não fizesse perguntas e, só curtisse o momento. Desnorteado e mudo Góis atendeu ao pedido instigante.

 

A paixão pelos rubis pulsou forte, quando o homem viu, formando um caminho na areia...as gotas de gelatina vermelha em ninhos de cristal lapidados, que direcionavam para uma tenda de tecido branco, bem ao estilo árabe. Góis e Juli Lynn seguiam lado a lado, somente o homem parecia meio tonto, talvez o espumante tivesse um teor de álcool maior, do que ele estava habituado...Verdana Belle Sonet, decerto já havia batizado a taça dele. Poucos horas depois, seus cartões estavam zerados.

 

Abandonado na praia, cercado dos fake rubis, Góis desperta do dopping, inacreditavelmente, com um único desgosto, os rubis não eram reais...imaginem só, quando descobriu, o quanto fora lesado...tadinho...

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 20/12/2022
Código do texto: T7676525
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