Brasil Colônia - Desventuras

E a saga continua...

Rosalinda havia escapado de ser morta, orfã, não tinha mais ninguém que pudesse contar, porém ela estava preparada para enfrentar tudo que a vida jogasse em sua cara, não iria ser a vitima, já sabia do mau carácter que seu esposo era, a primeira coisa a se fazer era achar um lugar para tomar um banho, comer algo e por as ideias em ordem, ela iria vingar-se daquele que um dia amou.

Chegou em uma taberna, aproximou-se do balcão e logo uma moça ruiva veio atendê-la, lhe ofereceu uma bebida refrescante, Rosalinda perguntou se havia um quarto para alugar e a bela moça disse que sim, levou a jovem até o quarto, lá ela pode tomar um bom banho, tirar aquelas roupas pesadas e quentes, fez uma bela refeição e depois foi até o salão para conversar com a moça ruiva, precisava arrumar um emprego.

A moça ruiva chamava-se Clara Lua e era a dona da taberna, havia herdado de seus tios e dava um duro danado para manter tudo em ordem, Rosalinda perguntou se ela não estaria precisando de uma ajudante, o serviço não era difícil e ela daria conta, Clara Lua ficou muito feliz com a presença da jovem, assim teria alguém para conversar e teria uma ajuda também. A dona da taberna disse que não poderia pagar muito e Rosalinda não importou-se com isso, o importante seria ter um lugar para comer e dormir, o restante ela daria um jeito.

Os dias passaram-se e Rosalinda dava um duro danado na taberna mais Clara Lua, porém estava sempre com um belo sorriso no rosto, a face iluminada e um belo plano de vingança contra o Senhor Guilherme de Sá Monteiro, não comentou nada da sua estória com sua mais nova amiga, achou que quanto menos gente soubesse, melhor seria.

Rosalinda sentia muita falta do seu pai e de sua tutora, eram pessoas especiais, pessoas que ela amou muito e o que mais doia em seu peito era o fato de não ter encontrado o corpo dos dois e ter dado um enterro digno à eles.

Em uma noite enluarada, Rosalinda estava servindo uma mesa com três jovens e ouviu a conversa deles, ouviu um nome que lhe era muito familiar, ficou sabendo que seu ex marido herdara toda a fortuna que lhe era de direito e andava pela colônia se gabando da boa vida que levava, porém todos estavam muito desconfiados dos meios que levou Guilherme a herdar essa fortuna e Rosalinda sabia muito bem qual tinha sido o meio. Decidiu puxar conversa com os jovens e eles a acharam muito formosa e ela ofereceu uma rodada de bebidas por conta da casa, eles abriram o bico e contaram tudo que sabiam, Guilherme era mulherengo, cada noite estava com uma mulher diferente, não havia guardado o luto esperado, porém um fato chamou à atenção de Rosalinda, um dos jovens de nome Astolfo Dias que era médico, comentou que atendeu um homem sem memória e Rosalinda pediu que ele o descrevesse e suas características batiam com as de seu pai e ela não acreditou nisso, pediu ao jovem o endereço de onde o homem estava, era um convento hospital, onde as irmãs hospitaleiras da ordem de Jesus, cuidavam de quem não tinha um lugar e nem parentes vivos, no dia seguinte, pela parte da manhã, Rosalinda foi a esse convento, falou com a Irmã Rosa Mistíca do Calvário e ela o levou até esse homem misterioso, a Irmã havia dito a Rosalinda que alguns trabalhadores havia encontrado o homem desmaiado, quase sem vida e com um ferimento a bala no meio do peito perto de um canavial e o levaram até o convento para que ele pudesse ter um tratamento digno e morresse em paz, quando Rosalinda encontrou o homem, a emoção foi tanta que desfaleceu, acordou com a Irmã Rosa Mistíca lhe chamando e Rosalinda contou à ela que aquele senhor era seu Pai e que ele havia sofrido um ataque e tinha sido dado como morto, teve permissão de conversar com o homem e assim que ele a viu, a chamou pelo nome, a emoção tomou conta dos dois e abraçaram-se durante um longo tempo, Rosalinda pediu permissão para levá-lo para casa e cuidou muito bem do seu querido Pai, agradeceu a Deus pela chance de tê-lo novamente, decidiu que era hora de ter uma conversa com Clara Lua, não era certo continuar enganando a pessoa que lhe estendeu a mão, assim que chegou na taberna, acomodou seu Pai em um quarto e foi de encontro a sua amiga, dizendo que precisava muito ter uma prosa com ela, Clara Lua estava lavando algumas peças de roupas e disse a Rosalinda que poderia falar e assim, a jovem contou toda a estória para sua amiga, de boca aberta e impressionada com tudo aquilo, Clara Lua disse à Rosalinda que poderia contar com ela, tanto na parte da vingança, como na parte de guardar segredo sobre o assunto, pois Guilherme não poderia, em hipótese alguma, saber que tanto ela como seu pai estavam vivos.

Com o passar dos dias e com os cuidados da filha, o Senhor João Magalhães Oliveira estava quase recuperado e chamou sua filha para uma conversa, pediu perdão por tudo, disse que não sabia que Guilherme era daquele jeito e que estava de olho na fortuna deles, perguntou como ela conseguiu escapar do incêndio e ela disse que ouviu a conversa que Guilherme estava tendo e decidiu escapar, mas um pobre escravo pagou com a vida, Rosalinda disse que iria vingar-se de Guilherme e seu pai falou que era para ela chamar o advogado da família e contar toda a estória e que ele poderia ajudar.

Rosalinda escreveu um bilhete endereçado ao Senhor Chester Buarque de Almeida e pediu a um moleque de recados que entregasse em mãos o bilhete, algumas horas depois, uma figura muito elegante adentrou as portas da taberna perguntando por Rosalinda Magalhães Oliveira, Clara Lua estava no balcão e perguntou quem desejava, o homem disse que era o advogado da família Magalhães Oliveira e tinha um assunto de extrema urgência para tratar com ela, Clara Lua disse que naquele lugar não havia ninguém com esse nome e que ela não conhecia ninguém assim, lá de dentro, Rosalinda ouviu a voz do senhor Buarque de Almeida e veio de encontro a Clara Lua e disse que não tinha problemas que ele era de confiança, os dois subiram até o quarto onde o patriarca da família estava e lá ficaram por horas a fio conversando e tratando das providências que seriam tomadas com relação ao protesto do testamento.

O advogado aconselhou os dois a comunicarem o Chefe de Polícia e contar tudo o que havia acontecido, no fundo, Rosalinda queria mesmo era matar Guilherme, mas decidiu fazer tudo dentro da lei.

Tudo encaminhou-se durante os dias que passou, Rosalinda continuou a trabalhar na taberna, o Senhor João começou a ajudar também e Clara Lua, vira e mexe, sumia, mas no fim da tarde voltava e dizia que tinha ido visitar uma prima.

Clara Lua era uma traidora e havia ido até o engenho de Guilherme lhe procurar e assim que teve a oportunidade de ficar frente a frente com ele, lhe disse que tinha informações importantes para lhe dar, mas essas informações eram caras e Guilherme perguntou quais eram essas informações e Clara Lua disse o nome Rosalinda e João e Guilherme quase teve um troço e tratou logo de negociar com a moça, Clara Lua era sorrateira como uma serpente e percebeu uma oportunidade de arrancar uma boa grana do traste e disse a quantia que queria e que voltaria no outro dia.

Rosalinda que de boba só tinha a cara, percebeu algo estranho em sua amiga e jogou um verde, a dissimulada da Clara Lua disfarçou e foi até a cozinha e Rosalinda decidiu ficar de olho nela.

No dia seguinte, quando Clara Lua saiu, Rosalinda foi atrás e descobriu que aquela que se dizia sua amiga, era na verdade, uma traidora, viu Clara Lua entrando no seu antigo lar, de longe reconheceu o salafrário do seu ex marido e adivinhou tudo. Essa dissimulada resolveu vender-se, resolveu que minha amizade não era o suficiente, mas deixe estar que ela vai ter o que merece.

Quando Clara Lua voltou para a taberna, encontrou Rosalinda sentada em um banco aos fundos da taberna, foi de encontro a sua amiga e quando foi lhe dar um abraço, recebeu dois belos e fortes tapas no meio da sua face, com a força dos tapas caiu ao chão e Rosalinda aproveitou e começou a chutar a traidora, pegou um chicote e deu uma bela surra na víbora e foi relatando que havia descoberto sua traição e que ela iria aprender, a surra foi muito bem dada e Clara Lua deixou a bolsa de dinheiro cair, contou tudo a Rosalinda, contou que Guilherme, no dia seguinte, viria até a taberna para dar fim a vida deles.

Quando teve uma oportunidade, a traidora levantou-se e saiu correndo, Rosalinda agora tinha um problema e estava disposta a por fim nessa estória, iria enfrentar seu algoz.

Arquitetou um plano, o chefe de polícia foi avisado, o advogado estaria presente e ela contaria com o apoio de seu pai.

continua...