Brasil Colônia - Guilherme de Sá Monteiro

A família de Sá Monteiro era uma tradicional produtora de açúcar no Brasil Colônia, tinham um dos maiores engenhos do lugar, Guilherme de Sá Monteiro era filho único de Teodorico de Sá Monteiro e Rosa Flor de Sá Monteiro Barcelos, era um jovem muito bem apanhado, o desgosto do pai e a alegria da mãe.

Nunca foi dado a arte do trabalho, seu pai faleceu aos 50 anos de idade deixando um império para ele e sua mãe, foi quando começaram os grandes problemas da Familia de Sá Monteiro.

Na leitura do testamento, o senhor Teodorico deixou tudo para sua esposa, pois sabia a indole do filho, a senhora Rosa Flor não entendia nada e deixou seu filho a cargo dos negócios, essa foi a pior coisa que fizera em sua vida.

O Engenho Luz Divina era um dos maiores da região, a fazenda produzia, além da cana-de-açúcar, leite, queijos, frutas, hortaliças, os de Sá Monteiro eram tradicionais e ricos. Quando Guilherme assumiu os negócios, as coisas mudaram bastante, como ele não tinha experiência em nada, contratou um Gerente Administrativo para ajudá-lo nos serviços, o cara era um malandro, golpista e aproveitou-se da situação e dentro de um ano, o que restou da família de Sá Monteiro foi apenas a casa da fazenda para morarem e algumas peças de escravos e outras cabeças de gado que eram sua única fonte de renda.

O tal do Gerente Administrativo que se chamava Cláudio, era um tremendo golpista, em meio aos papéis que diariamente Guilherme assinava, ele colocou uma procuração passando tudo para o seu nome e foi assim que a tradicional e rica família de Sá Monteiro ficou apenas tradicional. Algum tempo depois do ocorrido, a senhora Rosa Flor ficou muito doente e faleceu e agora Guilherme estava pobre e sozinho no mundo e ia ter que se virar se não passaria fome. Arrendou a fazenda para um rico senhor de engenho e foi morar na parte urbana da cidade, onde conseguiu um emprego como Advogado, essa era sua formação.

Quando soube que os Magalhães Oliveira estavam dando um baile, viu ai uma oportunidade de ter de volta sua vida de luxo, casando-se com Rosalinda Magalhães Oliveira, apesar de não ter um tostão furado no bolso, ele ainda tinha a tradição de sua família e iria usar isso para subir na vida, foi ao baile, jogou todo o seu charme de moço bonito para cima de Rosalinda, dançou uma valsa com ela e aproveitou para conversar muito, a moça estava encantada com tanta beleza do jovem mancebo, a isca estava lançada, restava agora aguardar Rosalinda morder.

O senhor João Magalhães de Oliveira era novo por aquelas bandas e não sabia da estória dos de Sá Monteiro, e Guilherme achando que o golpe seria fácil, mas ele não contava com a Senhorita Leonor que tinha um faro muito bom para golpistas e descobriu toda a estória e imediatamete pôs o senhor Magalhães de Oliveira a par de tudo, porém o pai de Rosalinda não conseguiu enxergar problema nenhum ai, disse que apesar de tudo, o rapaz tinha um bom nome, uma fazenda arrendada e um emprego como Advogado e modéstia a parte, ele era bom no que fazia e permitiu que Guilherme cortejasse sua filha, abriu mão do dote, pois o rapaz não tinha como pagar, Rosalinda estava muito feliz com os planos de casamento com Guilherme e nos meses que se seguiram, os preparativos para o enlace matrimonial corria a todo vapor.

A senhorita Leonor estava sempre de olho no jovem Guilherme e ele percebendo a ameaça, arquitetou um plano de morte para aquela que ele considerava sua algoz, contratou um homem para dar fim a vida da tutora. Todos os dias, pela manhã, a senhorita ia a cidade para despachar correspôndencias e cuidar de alguns negócios, Guilherme já sabia disso e aproveitou para por seu plano em prática, quando Leonor estava de volta para a fazenda, foi abordada por um homem que perguntava sobre alguém, ela disse que não sabia, pois era nova por aquelas bandas, nesse momento, recebeu uma forte pancada na cabeça, caindo ao chão desfalecida, teve seu corpo colocado dentro de um saco e foi atirada de um precipicio. As horas passaram e Rosalinda começou a preocupar-se com a demora de sua tutora, foi até seu Pai e relatou o que estava acontecendo, imediatamente, ele colocou alguns homens da fazenda para irem atrás da jovem tutora, no fim do dia voltaram sem nenhuma noticia.

Passaram-se horas, dias, semanas e meses e ninguém sabia da jovem tutora Leonor, Rosalinda estava muito triste com tudo isso, tinha um apreço muito grande por ela, pensou até em adiar o casamento, mas Guilherme interveio e disse que não tinha necessidade.

Parte do plano de Guilherme para por as mãos na fortuna dos Magalhães Oliveira tinha dado certo, agora ele tinha que se livrar de seu sogro e assim, Rosalinda herdaria tudo e ficaria mais fácil ele dar o golpe.

E assim, Guilherme de Sá Monteiro colocou em prática seu plano para dar fim a vida de seu sogro, armou uma grande tocaia para João no dia que ele foi ao mercado de escravos, esperou ele voltar para casa e no caminho, atirou e ele caiu do cavalo, Guilherme aproximou-se para averiguar se ele estava morto, com mais dois capangas, pegou o corpo de João e escondeu e voltou para o Engenho Magalhães de Oliveira.

Com a notícia do desaparecimento do patriarca da família Magalhães Oliveira, o casamento de Rosalinda e Guilherme foi adiantado, não teve baile, não houve comemoração, nem convidados, ausência total de música e uma grande tristeza pairava no ar, porém Rosalinda fez questão de casar com seu amado e uma semana depois, herdou tudo que seu pai tinha, o engenho, escravos, cavalos, e um baú cheio de jóias preciosas.

O advogado entregou tudo a jovem Rosalinda, seu esposo fez questão de ajuda-la e sabia de cada centavo que ela havia recebido, Rosalinda fez segredo do baú, e percebeu uma grande mudança em seu esposo depois da leitura do testamento, agora ele tornou-se frio, não dava mais atenção à ela, saia cedo e chegava tarde.

Enquanto isso, dentro da cabeça de Guilherme, já tinha um plano para dar fim ao único obstáculo que o impedia de ser rico novamente e dessa vez ele mesmo iria executar o plano para acabar com a vida de sua jovem esposa.

Certo dia, Rosalinda estava em seu quarto e ouviu a voz de Guilherme conversando com um homem do lado de fora da Casa Grande, aproximou-se da janela para ouvir melhor e descobriu que seu amado esposo iria matá-la naquela noite, o plano já estava todo arquitetado, ele iria colocar fogo no quarto de Rosalinda e dizer que tinha sido um acidente, que ela havia esquecido uma vela acessa.

Mas Rosalinda de boba só tinha a cara, afinal de contas ela havia sido criada por um homem de garra e seu pai havia lhe ensinado muito bem como a vida era e como os homens tratavam as mulheres, na época que viviam, mulher não tinha direito a nada, era apenas um objeto para satisfação do homem.

Mas ela não iria permitir que homem algum destruísse sua vida e muito menos que a tratasse como um ser inútil. Quando chegou a noite, Guilhlerme estava todo gentil e carinhoso com Rosalinda, ela bem sabendo dos planos do ordinário, deu corda para ele se enforcar, jantaram e foram se recolher, Rosalinda fingiu que dormia, quando viu Guilherme levantar da cama e sair pela porta, ela mais do que de pressa, levantou-se sem fazer nenhum barulho e seguiu seu esposo, mas antes, arrumou a cama para ele achar que ela estava deitada, Guilherme voltou para o quarto, acendeu uma vela e a colocou perto da cortina, com o vento, começou um incêncio no quarto, Guilherme deixou o fogo se espalhar, até sair gritando pela casa e acordando os escravos para apagarem o fogo e dizer que Rosalinda estava presa no quarto, nisso o fogo já havia tomado a parte de cima da casa e não havia como subir mais, ficaram todos olhando do lado de fora o triste fim de Rosalinda.

Todos ficaram muito abalados com a morte da jovem, Guilherme parecia inconsolável, chorava muito no enterro de sua amada.

Algum tempo passou-se e o advogado da família Magalhães Oliveira chamou Guilherme para uma conversa, ele disse que como não havia mais nenhum membro da família vivo, eles não tiveram filhos, toda a herança da família iria para o viúvo e assim foi feito, Guilherme de Sá Monteiro herdou toda a fortuna dos Magalhães Oliveira.

continua...

A C Junior
Enviado por A C Junior em 25/08/2021
Reeditado em 26/03/2024
Código do texto: T7328204
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