Que Susto!
 
 
          Certo dia seu João Apolinário foi consertar uma repetidora de radiocomunicação numa localidade por nome de Sucuriju, vilarejo esse que fica no estado do Amapá. Esse era um lugar muito bonito, tendo somente um único incoveniente, o acesso a esse local era de barco, cuja viagem demorava seis horas ou de helicóptero gastando apenas trinta minutos.
          Como o helicóptero era um transporte mais caro, restou apenas o barco para que seu João Apolinário chegasse até o seu destino. Apesar da beleza reinante naquele lugar, tudo ali era difícil, até as águas dos poços eram salgadas, para obtenção de água potável usavam um sistema de calhas para captação.
          Apesar das dificuldades, seu João resolveu encarar o desafio, afinal de contas, com essa recessão brava, qualquer vintém que caísse na conta seria  bem-vindo. Já a bordo, embarcando com ele estava a equipe da Estratégia Saúde da Família que era composta por um médico, uma enfermeira, dois técnicos, um agente de saúde e um odontólogo.
          Algo estranho estava acontecendo, ele percebeu que todos que adentraram naquele barco usavam cachaça ou algum tipo de tranquilizante, e logo em seguida se amarravam nos bancos. Seu João assustado e muito curioso perguntou:
_ Qual o motivo de vocês fazerem todo esse ritual? Eles responderam:
_ Se eu fosse o senhor faria o mesmo também. Seu João um pouco exaltado disse:
_ Não obrigado, seja o que for eu enfrento sem droga ou alguma corda me amarrando. Um dos tripulantes disse:
_ Espero que na vinda o senhor tenha a mesma opinião.
          Assim que o barco saiu do Rio Amazonas, alcançando a costa, começou a subir, não parava mais de subir, seu João olhou para o mar e viu um paredão de água, cuja altura deveria ser uns 20 metros, de repente o barco descia, saculejando todo lá em baixo, e assim foi sucessivamente por longas seis horas de viagem até chegar no dito lugar. Seu João passou tanto aperto, que até a boca do afonso deve ter ido para cucuia de tanto sufoco, nunca aquele homem passara tanto aperto, como naquele fatídico dia.
          Passado o susto, o homem fora trabalhar, terminado o trabalho, ele lembrou que teria que voltar. Mas como voltar de barco, se ele ainda tremia na base, só de pensar no susto que passara. 
          O homem ficou tão amedrontado, que durante dois dias ficou preso naquela ilha, até que apareceu um helicóptero trazendo técnicos do IBAMA, somente assim seu João criou coragem e depois de trinta minutos estava no acônchego do seu lar. Os dias passaram e ele teve que fazer um relatório daquele serviço para sua chefia. No final do mesmo, colocou a seguinte observação: "Não volto a Sucuriju, nem que a vaca tussa", rs.
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 24/06/2018
Reeditado em 24/06/2018
Código do texto: T6372309
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