O enigma da Ninfa: a chave do céu
Naquele dia, Cecília adormeceu sobre seu livro dourado edição de luxo que seu pai comprara. Era um livro lustroso de mitologia grega, ao qual, dispensava muita estima. Ela o recebeu em prol de seu décimo aniversário, e o adorou, pôs-se a ler. Removeu o pesado exemplar da biblioteca do lar e o pôs sobre o móvel ao lado de sua cama. Ansiosa que estava nem se quer esperou que o pai fosse ler para ela.
Foi quando não estava mais em seu quarto, mas em uma espécie de jardim, ou floresta não sabia ao certo, o que a levava a temer. Cecília hesita em prosseguir, então se escondeu onde lhe dava mais segurança. E daquele ponto passou a observar, ela era sempre valente, mas preferia ser cautelosa. Era esse fato que lhe dava vantagens nos jogos de tabuleiro.
Assim, seus olhos não acreditavam no que viam. Entre perplexa e desconfiada, tentava em vão desembaraçar os olhos diante de tão singular figura. Tratava-se de uma mulher de olhar muito inquisidor que não importava onde fosse detinha o conhecimento de todos que estavam presentes em sua floresta, desse modo, sabia efusivamente que Cecília estava ali e não demorou muito a encontrá-la atrás de seu arbusto favorito. Disse tão singular criatura:
- VOCÊ ESTÁ BEM?! Vociferou a criatura feminina.
A menina esboçou um sorriso! E ia falando, quando:
- cale-se sua insolente! Esbravejou. Me refiro obviamente a você meu querido arbusto que é quem tanto preso e amo. Continuou a falar:
- Esta criatura insignificante esmagou as suas folhas? Por criatura se referia a Cecília, que a esta altura estava muito confusa e atônita querendo desaparecer dali. Mas, como de um relance Cecília percebeu que aquela espécie de fada sem asas era, na verdade, uma ninfa igual aquelas das gravuras dos livros que Cecília lera, incluindo o que o pai lhe dera. Estava um tanto surpresa com a descoberta, mas não teve muito tempo para tecer maiores indagações, pois que aquela ninfa não era tão boazinha. Cecília resolveu se acercar de sua atual situação. E perguntou:
- Onde estamos indo? dá para ver tudo aqui de cima!. A ninfa respondeu, já um pouco impaciente:
- Você saberá já, já. Limitou-se a dizer:
- Sou a guardiã desta floresta e em especial da chave do céu. Então, eu decido quem pode entrar ou sair do céu e ir para a terra. E você se reunirá aos meus prisioneiros, pois, violou o meu mais sagrado bem, o meu arbusto, e por isso deverá pagar.
Então, Cecília resolveu que não diria se quer nenhuma palavra. Assim, que prosseguiram por aquelas veredas que se constituíam em um verdadeiro labirinto. O coração de Cecília pulsava fortemente em seu peito e ela não parava de pensar nas palavras da ninfa. “Você o violou e deverá pagar”. Mas como poderia ser, se não havia feito nada com aquele arbusto? e se quer notava nele nada que o fizesse tão especial como a outra havia lhe dito.
Daí, quando se aproximaram da entrada da prisão: Cecília averiguou que se tratava de uma espécie de caverna sombria. Naquele umbral não conseguia se destacar quase nada. Apenas vozes altercadas que imploravam por clemência. Aquilo a apavorou ainda mais.
Quando estava ali, diante dos prisioneiros, qual não foi a sua surpresa ao se deparar com dois velhos senhores e um jovem cavalheiro. A ninfa não lhe deu tempo de raciocinar bem. E a meteu dentro de uma espécie de calabouço úmido e frio. Cecília pensou em chorar, mas se recordou de sua força e que jamais desistira de nada. Ela era uma aventureira nata. E não seria aquela ninfa que a deteria. Porém, ela contava agora com um novo problema percebera que entre aqueles três prisioneiros estava também o seu próprio pai. Lembrou que no dia anterior seu pai lhe contara uma história para lhe explicar o porquê de uns apesar de serem da mesma idade apresentarem mais idade que outros.
Assim, o pai citou a si e a outros dois senhores que estavam prestes a nascer quando estavam lá, naquilo que se chama de céu. Apresentou-se a eles aquela figura feminina com uma proposta, dizia a eles que teriam a opção de escolher a idade que quisessem preservar na terra, desde que se estivessem dispostos a arcar com a consequência de sua escolha. Dito isso, ela se acercou da escolha de cada um dos presentes, E partir daí a ninfa os esclareceu:
- aqueles que decidirem por ser jovens durante toda a sua estadia na terra, o poderão obviamente, mas sob uma condição ao regressarem aos céus, não poderiam mais ficar, pois, se apegaram as coisas da matéria e assim tiveram a sua recompensa já na terra que era jovialidade permanente.
Assim, lhe restaria apenas uma espécie de inferno até que aprendessem a valorizar as coisas espirituais. Cecília divagava naquele pensamento, mas como pode ser, esperava que a chave do céu estivesse sob o domínio de um tal de Pedro. Seus pensamentos foram cortados pela voz da ninfa que seguia com a narrativa, agora esclarecia a segunda opção:
-Já aqueles que se decidirem por envelhecer gradativamente, ou seja, de acordo a com a respectiva idade. Estes terão a sorte de envelhecerem e serem reconhecidos como sábios, os cabelos brancos são sinônimo de sabedoria, e pela sábia escolha que você deteve poderá adentrar nos céus e viver tranquilo.
Assim, percebera que o pai havia escolhido a coisa certa. Pois, seu pai estava com a barba branca tão prateada quanto a lua que derrama mel sobre nossos sonhos. E estava certa de que quando ele partisse iria para aquele lugar que a ninfa se referiu.
O pai lhe contara que para se libertar dos encantos de uma ninfa só precisaria roubar aquilo que ela mais presava. Cecília retornou desta singela lembrança e ainda estava presa naquele lugar. Agora escutava um barulho que vinha em sua direção abriu-se o alçapão e pode ver uma fresta de luz amarelada, como de uma vela ou tocha deixando seu rostinho levemente iluminado.
A ninfa a expôs aqueles prisioneiros dentre eles estava realmente seu pai, um amigo dele e jovem rapaz que estranhamente possuía a idade dos outros dois. Cecília guerreira que é, não se intimidou e assim que pôde escapou, pois que as correntes que a prendiam eram feitas para adultos, então conseguiu se soltar com facilidade e daí correu à floresta.
Lembrou mais uma vez da história de seu pai, em especial, a parte de como se fazia para desfazer os encantos de uma ninfa. Então, lembrou de súbito o que a fizera ser condenada, claro o arbusto!. Precisava encontrar aquele arbusto que era igual aos outros tantos que ali estavam, mas como poderia encontrá-lo, pois sabia que não tinha mais muito tempo.
Acalmou-se, seu pai sempre lhe dizia que a calma na guerra leva a vitória. E com auxílio de sua memória tentava buscar alguma característica particular daquele arbusto que o fizesse ser distinguido dos demais. E eis que de repente surgiu em sua memória um "insight" aquele arbusto possuía um cheiro de rosas que não vira em nenhum outro. Portanto, era só ir seguindo pela floresta e seguir seu olfato até aquele arbusto. Percebera que não havia cheiro de rosas até onde havia chegado, e lhe ocorreu uma ideia: o que farei para roubar aquele arbusto da ninfa? A ninfa notou que a garota havia sumido e tratou de utilizar seus poderes mágicos para poder descobrir onde estava Cecília. Ela via através dos seres que habitavam aquela floresta, mas para isso desprendia uma energia considerável.
E com aquelas prisões estava exausta, logo teria que recuperar suas forças para conseguir aprisionar novamente Cecília. Enquanto isso, Cecília sentiu forte cheiro de rosas indicando que estava próxima do local que guardava seu objetivo. Apressou os seus passos em direção aquilo que o seu olfato indicava, mas era um jardim de rosas com imensos espinhos ela só percebera agora, uma vez que quando os ultrapassou da última vez foi sobrevoando-os, através da magia da ninfa. Logo, deveria descobrir uma maneira eficaz de atravessar aquele jardim de rosas espinhosas. Sabia que não poderia ser algo fácil, pois, ia demandar estratégia e raciocínio.
Cecília agarrou o arbusto e conseguiu ergue-lo da terra. Avistou o pai e o outro senhor, mas o jovem estava ainda sob total domínio da ninfa, pois este havia optado pela jovialidade que esta poderia lhe conceder. A Ninfa veio em direção a Cecília, mas esta conseguiu se desvencilhar dela e ir de encontro a seu pai, que misteriosamente havia se transformado em sua mãe, que lhe falava:
- filha acorda! Já é hora de se aprontar e ir à escola. Ufa! tudo não passara de um sonho. Fim!